Por Luiz Henrique Costa
O Beco do Pesadelo, novo trabalho de Guillermo Del Toro, conta com um elenco de super-estrelas como: Bradley Cooper, Willem Dafoe, Rooney Mara, Toni Colette, Cate Blanchett e Ron Perl Man, todos ótimos.
Del toro é sem dúvida um dos cineastas mais criativos em atividade hoje. Ele cria contos de fada modernos, obscuros, usando como pano de fundo momentos e situações de grande tensão mundial e inserindo uma galeria de situações e personagens bizarros, inimagináveis.
O cineasta mexicano vive em uma verdadeira casa mal-assombrada: cheia de esculturas de monstros, alienígenas, múmias, fantasmas e seres inomináveis.
Essa casa – A Casa Sombria inspirada no livro homônimo de Charles Dickens – , é o seu celeiro criativo e onde passa por horas de imersão junto a sua equipe concebendo cenas e situações fantásticas que nos enchem os olhos no cinema.
a casa do diretor na califórnia. foto: reprodução
A trama se inicia a partir do personagem de Cooper, Stan Carlisle, e sua vocação para ‘poderes’ sobrenaturais, como ler mentes e falar com os mortos. Stan decide sair pelo mundo e a sua saga passa pelos caminhos de um circo e toda a cartela de personagens únicos que surgem da mente de Del Toro.
Não se pode entregar muito a partir daí, não pelo spoiler em si, mas pelo risco de perder um pouco de todo o encantamento dessa primeira parte do filme.
A Segunda parte segue por um caminho noir, um pouco menos lúdico e interessante e se foca nos ‘poderes’ e na evolução do personagem.
O Beco do Pesadelo é uma adaptação do livro de William Lindsay Gresham, publicado originalmente em 1946, e embora não mencione diretamente, abrange o período da Primeira Guerra Mundial e o fortalecimento do Nazismo na Alemanha. São esses panos de fundo de momentos de terror na humanidade, como realizou anteriormente com o belíssimo O Labirinto do Fauno, mais explicitamente, e com um envolvimento mais direto entre o roteiro e a Guerra Civil Espanhola.
Os monstros de Del Toro são alegorias descendentes diretas de horrores reais.
O visual do filme é lindo. O trabalho de Luis Sequeira no figurino – que trabalhou anteriormente em outro belíssimo, mas pouco compreendido filme de Del Toro, A Forma da Agua impõe camadas e personalidade a cada um dos personagens, especialmente na fase circense do filme.
O diretor de fotografia, Dan Laustsen, que também trabalhou em A Forma da Água e A Colina Escarlate, consegue imprimir com exímia perfeição o jogo de cores, de luz e sombra, de neons, dos elementos em cada horário do dia. Podemos não amar os títulos mencionados acima, mas a direção de fotografia e o visual são impecáveis. Outro ponto importante do filme que não pode ser esquecido é a trilha sonora original, assinada por Nathan Jonhson.
Se nem de longe é o melhor e mais original trabalho de Del Toro, o filme vale pelo gigantesco visual, pelo capricho dos detalhes e a atuações.
E, claro, a imersão em uma mente que funciona sempre na contramão do óbvio.