Por Isadora Almeida
O Big Red Machine, projeto liderado por Aaron Dessner (The National) e Justin Vernon (Bon Iver) lançou mês passado “How Long Do You Think It’s Gonna Last?”, novo trabalho que conta com participações de Taylor Swift, Sharon Van Etten, Fleet Foxes, entre outros nomes. O álbum fala sobre memórias, traumas e aproveitar os momentos mágicos da vida. Em entrevista ao FFW, Aaron fala sobre o processo criativo por trás do disco.
Qual foi o processo para convidar os músicos que participaram do álbum? Foi durante as composições das faixas? Qual foi o approach?
Foi bem natural, a gente queria dividir com pessoas. A ideia era ter essa multidão de vozes e tentar escrever um álbum que tivesse esse senso de comunidade, mas como se fossem personagens de um mesmo livro, em que os temas estão conectados, mas são vozes diferentes que mostram lados diferentes. O processo funcionou naturalmente, porque todo mundo que está no álbum ou é nosso amigo ou pessoas com quem já trabalhamos juntos. Se quiséssemos poderíamos ter seguido uma linha mais comercial e dar um approach mais pop, mas o que aconteceu foi uma coisa bem orgânica.
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“Tudo que eu já fiz na vida foi me levando para isso, é tudo cumulativo. Todas as relações que construímos, todos os trabalhos que fizemos tudo leva para um lugar, e esse álbum parece estar conectado com tudo que fizemos.”
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Fiquei curiosa para entender como você escolheu quais seriam os singles antes do lançamento do trabalho, já que todas as músicas tinham esse potencial de apresentarem a ideia principal do álbum?
Sim, eu entendo o que você quer dizer. Foi difícil e acho que várias poderiam ter sido, mas single é uma coisa meio estranha. Acho que a gente queria mostrar que outras pessoas estavam cantando além do Justin (Vernon) e mostrar que eu estava cantando. Acho que “Reese” e “Birch” poderiam ter sido singles e de uma maneira elas são, mas foi legal ter soltado essas faixas, singles, antes. Mas eu estou muito feliz que agora o álbum todo está na rua.
Qual era a ideia por trás dos visuais da capa do album e dos clipes? Para mim me passou a ideia de que sonhos teriam sido digitalizados para uma fita VHS.
Que legal, eu gosto disso! É sobre infância, eu queria que tivesse a representação disso tanto que a capa sou eu, meu irmão e minha irmã com a nossa bisavó, acho que a foto é de 1979, e minha bisa, a Estella, nasceu tipo na década de 1880 em Ohio. Isso representa o passado cavando pra um outro passado, e todas essas camadas de tempo, sabe? Quem fez foi o Graham Tolbert que já trabalhou com o Justin, eles são amigos há bastante tempo, ele é um artista que faz colagens. Ele fez toda a arte e acho que é assim para representar camadas de tempo, talvez sonhos, memórias, e você vê minha infância, a ideia de família, o quanto isso vai durar ou as pessoas vão embora, enfim, todos esses sentimentos.
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“Fazer música é uma coisa meio misteriosa às vezes eu nem sei sobre o que é ou qual é o ponto, elas apenas acontecem. Se você tivesse aqui conversando comigo eu provavelmente estaria com um violão tocando algo e alguma coisa ia começar a acontecer, esse é o Big Red Machine, quase mais sobre o processo do que sobre o produto, entende? Aí as pessoas estão ouvindo e existem esses sentimentos e tópicos que estão nas músicas e isso é muito especial, mas é meio difícil você apontar e dizer exatamente o que existe ali”
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Vocês pensam em seguir com o Big Red Machine ou ele existe sem a pressão de pertencer a um futuro?
O Justin estava aqui e fizemos mais um monte de música, o que a gente não estava esperando, mas como eu digo as coisas acontecem quando você menos espera. Mas eu não sei dizer, o Justin está fazendo as músicas dele e eu com o The National. O BRM é um projeto que vive quando tem que viver ou talvez seja só até aqui mesmo, eu realmente não sei, mas acho que está virando algo que é um escape pra mim e outras pessoas, espero que tenha mais.
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