Com 1.2 milhão de seguidores no Instagram e quase o mesmo número no Tik Tok, Livia Nunes é um dos nomes mais proeminentes da sua geração quando falamos em criadores de conteúdo. A aclamação foi confirmada de vez nessa semana: na última quarta-feira (27.11), a brasileira surgiu na campanha da Balenciaga ao lado de nomes como Paloma Elsesser, Camille Charriere e uma A-list repleta de nomes da influência global. O anúncio veio poucos dias depois dela completar 25 anos. E, vale lembrar, que tudo começou em 2015, no Youtube, desde então ela possui uma carreira fora da curva, criando uma linguagem pessoal e estética própria para se comunicar.

Do backstage de sua primeira campanha internacional aos planos para 2025, que inclui ter assinado com a agência internacional Silent Models Paris para prospectar outros clientes internacionais e impulsionar sua carreira de forma global, Lívia conversou com o FFW e conta em detalhes tudo: do seu surgimento na internet, passando por estratégia e momentos decisivos.

Livia, para começar: qual foi o momento que você acredita que começou oficialmente na criação de conteúdo ou foi um turning point para você?

Livia Nunes – Desde cedo aprendi a amar o universo da beleza, da moda e ainda criança era um hobby me arrumar. Gostava de aprender a me maquiar sozinha, sempre fui muito vaidosa e interessada em pesquisar sobre esses assuntos. Cresci em meio a criatividade, minha mãe sempre foi criativa, desenhava para marca de jeans do meu avô.

Um turning point foi quando me mudei para São Paulo. Tinha um canal no Youtube que amava, fazia como hobbie mesmo. E assim, de forma orgânica, as marcas de beleza e moda começaram a me notar. Quando fechei grandes contratos aí sim percebi que aquilo tinha de fato virado um trabalho. Por exemplo, um dos meus grandes contratos que permanece até hoje é com a Arezzo, assim como as marcas internacionais nas semanas de moda. Eu mal havia começado nessa carreira como content creator e já estava recebendo convites para os desfiles da Miu Miu e da Valentino. Isso me mostrou que o meu posicionamento e o meu nicho estavam sendo bem trabalhados. Foi quando eu entendi que aquilo ali tinha um potencial, além de ser um trabalho que eu gosto muito.

A sua estratégia é muito versátil e está em constante mudança, como você constrói isso? É com uma equipe, é uma coisa mais instintiva?

Livia Nunes – Um ponto interessante é que toda minha estratégia, apesar de contar com um time supercompetente que me ajuda, foi traçada por mim e pela minha mãe [Adriana Nunes]. A gente sempre manteve uma condução em relação a tudo que se refere à minha carreira, então, o que eu sinto que devo fazer, compartilho com as pessoas que trabalham comigo para tomar as decisões. Entendi que ter vários departamentos dentro do meu time se tornou eficiente e assertivo para onde eu gostaria de chegar. Hoje em dia, tenho um especialista para cada departamento, sabe? Do comercial, do internacional, do marketing, da fotografia, para cada área tem um ótimo profissional atuando comigo. Sempre fui uma pessoa inquieta, então tudo que eu faço é movido por uma vontade de fazer algo novo, sair do óbvio, em fazer coisas diferentes.

É interessante falar também da minha vontade de atuar cada vez mais como diretora criativa dos meus próprios projetos. Fui percebendo ao longo do tempo minha paixão pela fotografia, que desde nova já era evidente, mas não muito notada por mim mesma. Hoje vejo essa importância, do meu caminho ter se curvado mais para esse lado da construção da imagem e da direção criativa. Minha maneira de expressar talvez tenha me aproximado do mercado internacional.

Seu foco no internacional está cada vez mais explícito, não só na linguagem, mas colaborando com profissionais gringos… Poderia falar mais sobre isso?

Livia Nunes – O internacional tem acontecido de forma orgânica, talvez pelas minhas referências e também pela minha forma de comunicar. Eu adoro colaborar com diversos profissionais (fotógrafos, diretores, maquiadores, aritstas no geral) sinto que aprendo muito! É a parte mais legal do meu trabalho! Os novos trabalhos têm me permitido vivenciar isso, conhecer pessoas incríveis, como por exemplo nesta campanha da Balenciaga. Como falei anteriormente tenho esse olhar mais curioso (incentivada pela minha mãe) gosto de conectar com outras linguagens, outras culturas, e a nossa profissão traz muito esse networking. Até mesmo por isso entrei para o casting da Silent Models Paris, eles me ajudarão nesse processo dos meus trabalhos internacionais daqui em diante.

Quais foram os momentos mais importantes até aqui ou aqueles que você guarda com carinho? 

Livia Nunes – Essa pergunta é difícil porque são muitos trabalhos memoráveis e inesquecíveis, mas o que faz ser especial é o caminho traçado. Hoje a minha profissão me traz a oportunidade de conhecer pessoas importantes que são inspiradoras e cultivar esses relacionamentos. Por exemplo, os meus primeiros trabalhos oficiais com a Dior foram especiais porque a magnitude era enorme e meu relacionamento com a marca no Brasil é muito sólido, o que refletiu internacionalmente. Também não posso deixar de citar essa campanha com a Balenciaga.

E Balenciaga? Como foi a experiência de fotografar para a marca? Como surgiu o convite?

Livia Nunes – Com certeza foi um dos trabalhos mais importantes até hoje na minha carreira. Esse convite surgiu por e-mail, de uma forma super inusitada. Eu me lembro que quando vi até me assustei, achei que não era verdade. A ideia da campanha Le City Bag foi superinteressante, ela foi criada como se estivéssemos na primeira fila de desfile, o cenário foi todo construído. Isso aconteceu há dois meses, em Paris. Tive o privilégio de conhecer e trabalhar com o Mel Ottenberg (editor-chefe da Interview Magazine) e com a fotógrafa Lauren Greenfield, que sempre quis conhecer e já assinou diversos trabalhos importantes. Toda a equipe da Balenciaga foi muito querida comigo. Me ver ali naquela campanha tem um valor enorme, algo que nunca imaginei alcançar, uma honra, de fato.

E agora: quais os próximos passos ou, ao menos, os planos para 2025?

Livia Nunes – Existem vários planos, mas diria que um deles é mesmo expandir meu trabalho para novos lugares, ser vista de novas formas também, como diretora criativa. Também penso em ter uma marca no futuro, ainda não sei do quê e tenho pensado sobre isso, em como expandir a minha carreira, mas de uma forma orgânica e natural.