Os designers Jack McCollough e Lazaro Hernandez iniciam neste mês mais um capítulo na história da Proenza Schouler, marca que lançaram há 16 anos. Com a ajuda de um grupo de investidores, ele acabam de recomprar sua grife da empresa de private equity Castanea Partners. A movimentação inclui uma injeção de capital para estimular o crescimento futuro. Todos os cargos de chefia foram trocados e os designers elegeram um novo board de diretores que inclui experts da indústria.
A notícia mexeu não apenas com a marca, mas também ressoou no mercado, mostrando que estilistas fundadores estão reescrevendo suas próprias regras e buscando novas maneiras de se desenvolver sem perder o controle de sua empresa – recentemente, Stella McCartney também recomprou sua marca do grupo Kering. “Não poderíamos estar mais felizes com a mudança na liderança que irá nos permitir ter total autoridade sobre o destino de nossa empresa”, disseram em um comunicado para a imprensa.
Como muitas grifes independentes que fazem parte do segmento de luxo, a Proenza compete de frente com as marcas europeias que têm por trás conglomerados bilionários, como LVMH e Kering, que cuidam de tudo, desde logística a planejamento de expansão e podem bancar um crescimento a longo prazo.
A marca também vem de um ano agitado. de 2017 para cá, eles lançaram uma linha mais casual, a PSWL, fizeram dois desfiles em Paris durante a semana de Alta Costura e começaram a desenvolver outras categorias, como a de calçados, hoje o segmento que mais cresce dentro da empresa.
Trocar Nova York por Paris fez parte de uma estratégia de valorizar mais suas coleções principais. O que acontecia era que as pré-coleções respondiam por 70% do negócio, mas a alma dos designers estava nas coleções criadas para os desfiles. “A gente coloca toda nosso coração e doação nos desfiles, mas as roupas chegavam nas lojas, ficavam por três ou quatro semanas e iam para liquidação”, disse McCollough ao BoF.
Nas duas temporadas que passaram em Paris, fizeram coleções altamente técnicas, usando a mão de obra artesanal que só Paris pode oferecer. Se criativamente e tecnicamente eles deram um passo, comercialmente foi um desafio, pois o preço das roupas ficou ainda mais caro, difícil de ser trabalhados no mercado. “Fizemos um vestido que foi realmente um marco em termos de técnica. Ele custou US$ 20 mil e vendemos apenas dois”.
Nesta estação, McCollough e Hernandez voltaram para Nova York, com uma coleção mais “relax”, que fala com um número maior de consumidores. “É uma nova abordagem, estamos atacando uma outra parte da vida do nosso cliente”.
Lojas fechadas
A Proenza Schouler viu seu primeiro sucesso comercial em 2008 quando lançou a bolsa PS1. Mas as altas vendas não durariam para sempre em cima apenas de um item e, na paralela, também tiveram que enfrentar a ascensão do fast fashion, muitas vezes copiando suas criações.
Nos últimos tempos, a marca fechou cinco lojas na Ásia e uma no Upper East Side, em Nova York. “Nós não temos um conglomerado enorme por trás financiando nossa expansão, então não podemos simplesmente pegar US$ 5 milhões para abrir uma loja em Paris”, disse Hernandez ao BoF em setembro deste ano, poucos meses antes de anunciar a recompra.
A Proenza hoje opera em dois canais de venda direta: seu site e uma loja na Greene Street, no Soho. Há também mais quatro lojas administradas por parceiros asiáticos além de 300 pontos de venda espalhados pelo mundo.
Agora com o novo investimento, a dupla vai planejar seu crescimento respeitando as regras que eles mesmos estão criando. “Talvez a gente não se torne uma empresa de um bilhão de dólares e tudo bem. Não precisamos ser”.