O conglomerado francês LVMH, dono de 75 marcas, entre elas Louis Vuitton, Dior, Givenchy e Fendi, liberou na semana passada seu report de rendimentos do primeiro trimestre de 2021. Os resultados podem nos ajudar a entender qual o panorama para a recuperação do setor de moda internacionalmente após a crise do COVID-19 que obrigou o fechamento (em muitos casos definitivo) de lojas pelo mundo todo.
No documento, o que surpreende é o crescimento vertiginoso do conglomerado em meio à pandemia que, no ano passado, era apontada como uma grande ameaça para a indústria da moda. O grupo LVMH, de Bernard Arnault, apresentou vendas 30% maiores do que no mesmo período no ano passado, e 8% maiores que no mesmo período, em 2019, ou seja, tendo alcançado números ainda maiores que antes da pandemia.
Esse crescimento é principalmente motivado pelo setor de moda e leather goods (artigos de couro) que teve um crescimento de 52% no início deste ano. Como já falamos por aqui, grande parte das grifes surgiu, primeiramente, como lojas de artigos de couro, e esse crescimento mostra a estabilidade de marcas como Christian Dior e Louis Vuitton no ramo. Apesar das críticas criativas ao trabalho de Maria Grazia Chiuri e Hedi Slimane na Celine, as duas labels são peças chaves no crescimento da LVMH nesse primeiro trimestre de 2021, com significativo sucesso comercial.
No início da pandemia, estudiosos apontavam que a tendência era que as pessoas, em um momento de instabilidade financeira, consumissem itens mais baratos e não fizessem grandes compras; no entanto, os artigos de couro, apesar de estarem entre os mais caros – também mais duradouros e atemporais – foram os que mais tiveram crescimento de vendas.
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No que tange à distribuição global desse consumo, a Ásia e os EUA são os principais motores, com crescimento de 86% e 23%, respectivamente, ao passo que a Europa ainda tem uma recuperação mais lenta, com baixa de 9% nas vendas e um saldo de várias lojas físicas se fechando no continente. A China, o maior mercado consumidor de luxo e o que obteve maior crescimento, foi uma das primeiras afetadas pela pandemia do COVID-19 e também uma das primeiras a se recuperar, já tendo retornado a grande maioria de suas atividades; no mesmo sentido, com a vacinação em massa da grande parte da população, os EUA também estão olhando para uma perspectiva similar.
a empresa mais valiosa da europa
Após esse trimestre de crescimento, a LVMH (que também tem empresas do segmento de bebidas alcóolicas, relógios, joias e maquiagem) ultrapassou a Nestlé e se tornou a empresa mais valiosa da Europa. Como especulado, algumas iniciativas do grupo Kering (como a histórica colaboração entre duas grifes: Gucci e Balenciaga) provavelmente também apostam em uma recuperação econômica após o ano de 2020, apostando também no otimismo resultado da vacinação e de um mundo pós-covid com sede de consumo. Resta, no entanto, esperar a publicação destes resultados pelo grupo para confirmar a hipótese.
Ainda em 2021, o grupo LVMH deve finalmente inaugurar a nova loja Samaritaine em Paris. O grupo tem novas ambições para o espaço, fechado desde 2005, com um projeto de renovação em grande escala que segue uma abordagem ambiental inovadora. A nova Samaritaine vai triplicar de tamanho após quase 30 meses de renovação e se tornará um complexo de luxo com uma loja de departamentos, um hotel Cheval Blanc cinco estrelas com 72 quartos, 96 unidades de habitação social, escritórios e uma creche.
Bernard Arnault não tem do que reclamar. O homem mais rico da Europa e um dos mais ricos do mundo deve estar sorrindo de canto a canto. O número de novos milionários (e consumidores de luxo) mesmo com oa números da pandemia continuando a crescer por todos os cantos do planeta e as desigualdades sociais se agravando.