Vencedor do prêmio Félix de melhor longa-metragem documentário do Festival do Rio 2014, “De Gravata e Unha Vermelha” entra em cartaz em cinemas de São Paulo e do Rio nesta quinta-feira (07.05). O filme de Miriam Chnaiderman mostra a história de diversas pessoas de diferentes áreas que não seguem as regras do que é ser homem ou mulher, seja por meio de mudanças no corpo, seja por não seguir normas impostas pela sociedade.
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“Fico muito feliz que o filme entre em cartaz neste momento. Ao mesmo tempo em que cada vez mais pessoas estão mais libertas do binário de gênero, existe também um recrudescimento do conservadorismo”, afirmou Miriam, que se define como “uma psicanalista que faz cinema”. Em entrevista ao FFW, ela contou que a sexualidade é muito presente em seu trabalho, e que se encantou pelo tema do transgênero ao ver uma entrevista de Laerte. “Era um discurso libertário, de não ser regido pelo gênero. As pessoas precisam entender que essa divisão que a nossa cultura propõe é algo determinado, que não necessariamente condiz com a realidade.” A psicanalista acredita que não seguir normas estabelecidas sobre gênero é uma tendência cada vez mais forte no mundo. “Eu acredito no quanto o desejo é libertário.”
Miriam também contou como chegou ao nome de Dudu Bertholini, um dos entrevistados do documentário e que também participou como entrevistador e curador: “Eu cruzava todo o tempo com ele na padaria do bairro, uma padaria supertradicional portuguesa, e ele de caftan, cheio de joias, mas com aquela tranquilidade, aquela segurança de ser o que ele é”. Ela disse que foi aí que ela pegou o viés da moda, com pessoas que “não estão nem aí se a roupa é de homem ou de mulher”.
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Ao FFW, Dudu relatou que, depois de ser abordado por Miriam na padaria, eles marcaram uma reunião e surgiu uma grande empatia entre eles. “Ela me chamou para ser curador e entrevistador, e isso me deixou muito feliz, porque é um tema muito atual, contemporâneo, mas, acima de tudo, é um filme necessário. Eu não imaginava que seria uma experiência tão humana, talvez a mais humana que eu já tenha participado.” O estilista acredita que a importância do documentário está em não tentar classificar as pessoas em gays, lésbicas ou transgêneros, mas em “estilhaçar ideias e mostrar diferentes caminhos de descobertas pessoais”.
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Além de Dudu, também são entrevistados no filme Laerte, Rogéria, Ney Matogrosso, Johnny Luxo, Eduardo Laurino, Walério Araújo e Elke Maravilha, entre outros. O filme entra em cartaz em São Paulo na Reserva Cultural.
Ficha técnica
Brasil, 2014, 86 min, 12 anos
Direção e roteiro: Miriam Chnaiderman
Produção: Reinaldo Pinheiro
Montagem: Tatiana Lohman
Fotografia: Fernanda Rescali
Direção de Arte: Dudu Bertholini
+ Assista ao trailer do filme: