Criado nos anos 30 pela marca Champion e popularizado pela cena do rap e grafitti nos anos 80, o moletom com capuz, chamado em inglês de hoodie, acaba de ganhar uma exposição no Het Nieuwe Instituut, o instituto de arquitetura, design e cultura digital em Roterdã, na Holanda.
Na exposição, a escritora e curadora Lou Stoppard explora o papel sócio-político dessa peça de roupa popular, que é item básico do vestuário contemporâneo, considerado uma tendência e um item indispensável e que vem se transformando ao longo dos anos. Ao mesmo tempo, em alguns lugares, o hoodie ainda é motivo de discriminação e até banido por certas instituições.
Historicamente também negado pela alta moda, por ser uma peça popular e muitas vezes associada ao crime pela grande mídia, a peça foi recentemente transformada em item de desejo por marcas como Vetements e Balenciaga. Demna Gvasalia, estilista das duas marcas, trouxe para a passarela da semana de moda de Paris a peça pela primeira vez no desfile de inverno 16 da Vetements e foi alvo de grande crítica na época por elevar a peça ao status de luxo, com preço que chega a quase mil euros.
Esse movimento foi muito alimentado pela indústria do streetwear e suas marcas altamente desejadas e consumidas pela nova geração, como Stussy, Supreme, VLone e por expoentes do hip hop como Kanye West, Asap-Rocky, Kendrick Lamar, entre outros.
Mesmo com tamanha influência, a peça ainda não tinha chegado ao status de pertencer as coleções de um museu e isso foi notado pela curadora quando fazia pesquisas de material para uma série de sportswear do site ShowStudio.
Foi então que Lou resolveu propor a exposição ao instituto. A mostra apresenta um mix de obras que vão de peças de roupa de acervo, fotografias e vídeos para contar a história dessa peça icônica e versátil que transita em corpos com os mais diferentes propósitos seja para se proteger-se esconder, confundir ou mesmo como elemento de estilo.
A exposição The Hoodie fica em cartaz até abril de 2020.