Uma nova campanha contra a “mulher objeto” tem chamado atenção ao mostrar diversos anúncios que vão de moda a cheeseburguer, e que tratam a mulher como um objeto para deleite sexual.
A empresária Madonna Badger fez uma busca no Google com o termo “objectification of women” na publicidade no final de 2015. Bastou poucos segundos para que ela encontrasse centenas de campanhas que colocam a mulher em situações comprometedoras ou constrangedoras.
Com sua agência Badger & Winters, ela criou o projeto #WomenNotObjects, um vídeo em que mulheres seguram cópias de anúncios da Balmain, Tom Ford, American Apparel, Burger King, etc, chamando a atenção para seu real significado. O vídeo, que já ganhou mais de cinco milhões de impressões, termina com a frase: “Eu sou sua mãe, filha, irmã, parceira, CEO. Não fale comigo assim”.
A UN Women, organização dentro das Nações Unidas que cuida da igualdade de gêneros tuitou o vídeo com a hashtag para seus seguidores, assim como o The Huffington Post.
Madonna lembra que as mulheres são as responsáveis por 75% das decisões relacionadas a consumo, mas apenas 11% dos criativos em agências são mulheres. “Quando a gente transforma a mulher em um objeto, ela tem a tendência de fazer isso consigo mesma. A idade média de uma menina começar uma dieta é 7 anos! E 81% das garotas de 10 anos se acham gordas.”
Ela culpa uma estratégia antiga no meio da propaganda, que causa ansiedade e frustração na mulher para poder vender um produto ou um serviço que seria a solução de sua infelicidade. “O novo paradigma é: entenda, ouça, tenha compaixão, entre na vida da mulher, compreenda seu sistema de valores e coloque sua marca lá de uma forma que faça sentido”, contou ao WWD.
Badger tem uma carreira bem sucedida, começando na Calvin Klein nos anos 90, onde ajudou a criar as campanhas com Kate Moss e Mark Wahlberg. Ela também elaborou projetos para marcas como Avon, Chanel, DVF e Vera Wang. Na Avon, ela foi para a rua ouvir o que as mulheres queriam de fato e usou mulheres reais na campanha.
Muito dessa iniciativa que a empresária carrega com firmeza vem de uma necessidade de achar um novo propósito para sua vida após ter perdido seus pais e suas três filhas em um incêndio, em 2011. O projeto, de certa forma, é uma homenagem à sua família. “O negócio é que você não tem como superar, mas pode aprender a viver com isso. É o que está acontecendo comigo. Estou cada vez melhor e vivendo a verdade. E a verdade é a verdade, você não pode mudá-la. Há muita dignidade no nosso trabalho e tenho orgulho do que estamos construindo. Precisava achar algo que fosse maior do que eu, do que o fogo, e que pudesse ser um serviço verdadeiro para as pessoas e com um efeito duradouro”. Uau, que mulher.