Por Marília Abib
Seguir relevante no mercado de trabalho em um futuro dominado pela tecnologia é uma grande questão levantada por todos que fazem (e farão) parte da população economicamente ativa. Eco Moliterno, Chief Creative Officer da Accenture Interactive, acalma os nervos dos mais preocupados. Segundo ele, quando as máquinas forem capazes de realizar grande parte das atividades que exercemos hoje, elas ainda não terão desenvolvido uma habilidade crucial: ser humanas.
Na manhã desta quinta-feira (25.10) durante a masterclass Você é a prova do futuro?, última do Projeto Estufa no Farol Santander, Eco diz que habilidades como empatia, criatividade e sensibilidade serão cada vez mais valorizadas nas profissões com o passar dos anos. Outro dado curioso que mencionou foi o de que 65% das crianças que estão hoje na escola vão trabalhar em funções que ainda não existem.
A ideia para se manter relevante é investir no desenvolvimento dessas habilidades, que não podem ser desenvolvidas por máquina nenhuma, mesmo não sabendo quais serão nossas profissões em dez anos ou mais. A criatividade é um exemplo. “O brasileiro tem a criatividade nata, o jeitinho brasileiro é nosso diferencial”, diz Eco. Ponto para nós.
Não são só as máquinas que vão aumentar a força de trabalho. Clamando pelo direito de seu espaço na construção da história da humanidade, mulheres também ocupam espaços anteriormente preenchidos majoritariamente por homens. Durante o talk O que só as mulheres vêem: Enxergando outros mundos, compartilhando outras narrativas com Isabel de Luca, Renata Martins, Yasmine Sterea, Vitória de Mello Franco e mediação de Camila Yahn, editora chefe do FFW, artistas e empresárias do audiovisual brasileiro apresentam suas obras e histórias para o público. Nelas vemos sensibilidade, afeto, força. Vemos o futuro.
Isabel de Luca é diretora editorial do Grupo Hysteria, plataforma multimídia de produção de conteúdo e curadoria, que visa a criação de novas narrativas feitas de mulheres para mulheres. Isabel é genuína ao representar a mulher brasileira e ao mostrar que somos mais do que os recortes publicitários. “A gente traz um olhar muito nosso, a gente conhece a mulher e explica para o mercado”, diz a jornalista.
À frente da luta por inclusão e diversidade, Renata Martins, cineasta, roteirista e idealizadora do projeto Empoderadas, é uma das únicas mulheres negras no cinema. O programa Empoderadas foi criado para ampliar a representatividade de mulheres negras no audiovisual. “O nosso desejo não é da voz, é de juntar as vozes, de estarmos juntas”, diz Renata.
Renata Martins, Yasmine Sterea e Vitória de Mello Franco © GABRIEL CAPPELLETTI / AGÊNCIA FOTOSITE
No fim do dia, Alexandre Pellaes, pesquisador e transformador do mundo do trabalho, com o talk O futuro do trabalho, seu lugar na evolução, agrega à discussão trazendo uma nova forma de relacionamento entre indivíduo e trabalho. Alexandre pontua a diferença entre trabalho e emprego, o primeiro diz respeito à relação que alguém tem com o mundo por meio da ação complexa e realmente produtiva; o segundo é sobre a relação do trabalhador com o empregador, um líder hierárquico – é linear, previsível, simplificada e pode ser falsamente produtiva.
Segundo o palestrante, “cada um conta para o mundo quem é por meio do trabalho”. E os modelos organizacionais terão cinco principais características: flexibilidade; humanização do líder/redefinição do papel da hierarquia; não exclusividade de área, líder e empresa; diversidade/inclusão; e economia e gestão colaborativa.
Na passarela, as marcas Victor Hugo Mattos e Mipinta desfilaram suas coleções. Além de Rafael Bueno, modelista e costureiro autodidata de apenas 16 anos que realizou o sonho de desfilar no SPFW.
Para finalizar a programação do Projeto Estufa 2018, Patrícia Viera e Natalia Rios dão o workshop O valor do artesanal, que valoriza o ofício manual e também pode ser elegante e objeto de desejo.