Foi com um mega evento realizado num estádio abandonado coberto por projeções do artista americano Ben Jones, que a Adidas promoveu o relançamento da sua linha Equipment, famosa nos anos 90 e o mais importante movimento da marca para este ano. A noite teve também o lançamento do projeto de conteúdo TLKS (aguardem novidades dele por aqui em breve) e o show do rapper Pusha T., tudo durante a última Art Basel em Miami.
O FFW viajou a Miami à convite da marca para entrevistar Nic Galway, o homem por trás dos grandes projetos da Adidas, desde a nova fase dos icônicos modelos Superstar e Gazelle ao lançamento do Yeezy Boost 350s com Kanye West. Ao longo de sua carreira na marca ele ajudou a firmar a identidade da Adidas Originals e sua intersecção entre herança, cultura e inovação.
Qual seu papel na Adidas?
Eu sou diretor criativo da Adidas Originals e responsável por todas as parcerias com designers que a marca realiza. Eu iniciei minha carreira como designer de automóveis, cheguei a Adidas em 1990 e estive por trás de todas as colaborações desde então tendo a oportunidade de trabalhar com Raf Simons, Stella McCartney, Kanye West e tem sido um caminho bastante gratificante desde então.
Como um designer de carros eu nunca imaginei que fosse parar onde estou, trabalhar com Yohji Yamamoto (que assina a linha Y3 desde 2003) por exemplo, pois são mundos completamente diferentes.
Há quanto tempo você vem trabalhando no re-lançamento da linha EQT, agora dentro do portfólio de Originals?
É interessante, porque a EQT é uma linha muito icônica para a marca e sempre me interessou muito. Nós começamos os desenvolvimentos há três anos lançando alguns poucos produtos para testar os limites e agora é o momento de irmos mais longe. O que realmente importa pra mim e pro meu time é como pensamos o design e nós fomos atrás de tentar entender o que estava acontecendo nos anos 90, época em que a linha Equipment foi lançada e porque ela foi feita, como os designers pensavam. Nós estamos usando nosso passado para criar nosso futuro, de um jeito nosso, com nossas regras.
Existe algo nas tendências da moda ou do streetwear atuais que tenha influenciado a nova linha EQT?
Eu acho que meu trabalho e história junto a marca, na criação de novos produtos e linhas e na busca pelas colaborações, me mostrou que o melhor é ser verdadeiro com o que você realmente é. Claro que vejo o que está acontecendo ao meu redor tanto no streetwear quanto na moda. É importante entender tudo isso, mas é mais importante sermos quem nós somos. Nós olhamos para nosso passado para entender nosso futuro. Então eu tento não pensar muito sobre o que os outros estão fazendo pra pensar no que devemos fazer.
Qual a diferença entre criar um tênis em colaboração com um estilista como o Yohji ou Raf Simons e um artista da música como Kanye West ou mesmo o Pusha T.?
É interessante, porque na realidade todos eles são mentes criativas, todos são incríveis. Eu aprendo muito nessa troca e o importante é que cada um tem sua visão sobre quem nós somos e é essa visão particular do universo de cada um que eu busco deles.
Você já teve algum desentendimento criativo com algum deles quando você acreditava em uma ideia e eles no contrário?
Sim, claro! Eu não estou buscando aval, isso não é o que me interessa. Sempre que criativos se envolvem, às vezes rolam tensões e isso faz parte do processo criativo e colaborativo. Mas nunca tive nem medo nem problemas com isso.
Em todo esse tempo você aprendeu algo trabalhando com esses estilistas?
Eu aprendi muitas coisas com cada um deles. Cada um dos designers trabalha de uma forma diferente e eles sempre inspiram meu time com sua visão criativa, trazendo seu mundo para dentro do mundo da Adidas.
O que é inovação para você?
Inovação pra mim não é sobre tecnologia, não é somente sobre futuro. Cultura pode ser inovação. É sobre como você aproxima, conecta as coisas. Inovação deve ser aplicada a várias coisas e não somente a tecnologia.
As redes sociais deram voz a toda uma audiência. Quando você cria algo novo seu foco é ouvir o que eles querem ou dar o que eles não sabem que precisam ainda?
O importante é ter diálogo. O interessante não é dar a eles o que eles pensam que eles querem. Isso não é dialogar. Ao mesmo tempo não é interessante para mim dizer como eles devem ser, o que eles devem usar. É importante provocar um questionamento e não ter medo do feedback.
A nova linha EQT já está disponível no Brasil na loja online da marca