O casaco que demorou 375 dias na sua confeção ©ImaxTREE
Não é porque a peça ou o desfile é alta-costura que precisamos ver rendas em vestidos armados. E, apesar de todas as mudanças que temos visto nesse universo e que exploramos aqui, o fato de as roupas estarem ficando cada vez mais com cara de prêt-à-porter não significa que elas estejam perdendo sua essência couture. As peças primam por serem especiais na sua manufatura, na escolha cuidadosa dos materiais e tecidos nobres utilizados na sua confeção, e até no tempo que cada peça demora para ficar pronta. A entidade responsável pela curadoria exímia do calendário e das grifes que desfilam na Paris Haute Couture, a Câmara Sindical de Alta Costura (Chambre Syndicale de la Haute Couture), criada em 1868, estabelece regras muito claras para que as marcas possam usar o termo “alta-costura” em suas coleções.
Karl Lagerfeld explica que “o tweed não é tweed”, – no sentido de que não é um tecido que se compra a metro para se cortar e fazer a peça, – “é bordado, todo feito à mão. Tem um casaco comprido, sem mangas, que levou 3000 horas para fazer”, acrescenta. O “The Telegraph” fez as contas. Se pensarmos que estas artesãs – e por artesãs queremos dizer as Petites Mains, como são conhecidas as costureiras da Chanel, consideradas das mais hábeis do mundo – trabalham em média oito horas por dia, chegamos a um total de 375 dias para fazer um casaco — sem mangas. Tudo para justificar os preços de cinco dígitos que os clientes da alta-costura gastam em um único item.