Ainda é possível identificar os traços góticos, a silhueta alongada e aquele romantismo dramático que vem marcando as coleções de Riccardo Tisci para a Givenchy. Porém, há algo de novo nessa mais recente coleção de alta-cosutra verão 2011 que o estilista apresentou para apenas alguns membros da imprensa e clientes mais do que especiais. Algo extremamente delicado e precioso.
Seguindo o formato intimista de apresentação que iniciou na temporada passada _pelo menos para as coleções de alta-costura_ Riccardo Tisci novamente deixou a passarela de lado, optando por um formato que permitia uma inspeção minuciosa de cada de look, com direito até ao toque. Formato que permitiu aos presentes conferirem todos os microdetalhes, como as pérolas envoltas em georgette de seda, os paetês opacos que formam falsas estampas e mais uma infinidade de delicadezas que transformam esta coleção numa das melhores já apresentadas por Tisci.
O ponto de partida foi Kazuo Ohno, ícone da dança Butoh japonesa que morreu ano passado aos 103 anos. Vêm daí, então, todas as referências, como os ombros marcados tipo delicadas armaduras, os motivos de aves que parecem ganhar vida nas costas e as transformações em cima do clássico obi oriental (faixa de tecido usada para amarrar quimonos e vestidos). Quase todos em tonalidades neutras, os vestidos ganham força com pontos fluorescentes nos ombros e, principalmente, nas costas.
Mas se a dança em si tem algo de sombrio, girando em torno da dor, a coleção vem quase na direção oposta. Talvez com um pouco da dramaticidade nas transparências e formas alongadas, ou nas ornamentações que chegam a acumular um total de 4.000 horas de trabalho manual. Justamente por isso, por toda essa preciosidade que só a couture pode proporcionar, os apenas 10 looks apresentados ganham exclusividade máxima.