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    As impressões sobre a primeira edição 100% digital do SPFW
    As impressões sobre a primeira edição 100% digital do SPFW
    POR Vinicius Alencar

    Devido ao isolamento e a pandemia, o SPFW cancelou a edição física que aconteceria em março passado. Entre dúvidas, incertezas e uma crise do mercado, optou por um formato inteiramente digital para celebrar seus 25 anos, que aconteceu entre os dias 05 e 08 de novembro. Nele, as marcas podiam se aventurar por todas as possibilidades do universo virtual para expor seus lançamentos de uma forma inédita e democrática – as transmissões ao vivo podiam ser vistas por todos os interessados, no canal do evento no Youtube e, minutos depois, no IGTV além dos canais de todas as marcas e influencers parceiros.

    Porém algumas marcas e designers pareceram um tanto perdidos fora da zona de conforto do desfile ao tentar traduzir suas ideias em vídeo, contar uma história e explorar as tantas possibilidades de um projeto audiovisual.

    Nesse cenário, em que todos tatearam com cautela, uns acertaram mais que outros e foram notadas certas tendências: alguns poucos preferiram ficar na zona que bem conheciam com vídeo-desfiles, tiveram os que optaram pela dança, aqueles que criaram uma narrativa e os que se sentiram à vontade para dar um tom documental e mais íntimo.

    Separamos abaixo quem se destacou em cada uma dessas diferentes inclinações.

    Dançantes: Martins, Amapô, Irrita, Isabela Capeto, Neriage, Another Place, Lenny Niemeyer e Angela Brito

    A dança foi o recurso mais visto e explorado. Ela apareceu intensa e cheia de energia na Martins. Etérea, envolvente e contida, vide apresentação da Lenny Niemeyer. Já a Another Place modernizou e introduziu um sopro de frescor ao convidar um performer para criar movimentos lânguidos e ultra sensuais.

    Essa vontade de se expressar a partir de coreografias, pode ter vindo de diferentes lugares: do saudosismo da vida pré-pandemia, do hedonismo como uma forma de escape e, não menos importante, do TikTok, aplicativo que ganhou milhões de usuários, assim que foi decretado o lockdown e está infestado de posts de coreografias.

    Refletir o Brasil: Ponto Firme, Isaac Silva, Ronaldo Fraga, LED, Misci, Handred

    No Brasil, além da pandemia, estamos enfrentando um momento político e social nebuloso. Essa relação com os muitos Brasis e esse momento atual foi refletido em algumas apresentações de formas diferentes. Alguns estilistas conseguiram introduzir uma alta dose de realidade e, ainda assim, tocar as pessoas. Outros olharam para dentro e expressaram suas visões de forma mais lúdica.

    Foi tocante ver a relação do designer Gustavo Silvestre do projeto Ponto Firme com seus colaboradores, muitos deles egressos. Isaac Silva, ao entrelaçar contos de Iemanjá com a sua tia Jacira, nos deu uma visão muito pessoal e enriquecedora. Já Airon Martin, da Misci, fez sua leitura particular das dicotomias nacionais enquanto a Handred olhou para Copacabana, o maior cartão postal do Brasil.

    Ronaldo Fraga foi auto-referente, recordou sua coleção desfilada no SPFW em 2001, que homenageava a estilista Zuzu Angel – ela teve seu filho assassinado pela ditadura militar. A partir disso fez um paralelo com o cenário político atual. “Não imaginei que aqueles que mataram Zuzu estariam de volta ao poder”, disse o estilista em um momento do filme híbrido com a própria Zuzu recriada em 3D desfilando as criações do mineiro.

    A LED colocou a bandeira do Brasil, ícone nacionalista, com destaque em seu filme. O designer disse que o intuito era resgatar esse orgulho brasileiro, re-apropriar, sem flertar com os ideais populistas que nos assolam. Outros signos também apareceram, como o nostálgico filtro de barro.

    Sua coleção-apresentação foi intitulada “Brasileira”, mas fugiu de qualquer estereótipo ou lugar comum. Ser questionador parece algo natural para o designer, não se prender a gênero ainda mais. A cena final, em que um modelo corre usando a camiseta ‘Uma bicha para presidente do Brasil’, foi uma das mais fortes da temporada.

    Futuristas e Disruptivos: Lucas Leão, Ão, Renata Buzzo, João Pimenta, Aluf                                                                                                                   

    Algumas marcas nos fizeram valorizar as apresentações digitais, pois a forma como se expressam vai muito além da roupa e, muitas vezes, podem não ser tão bem compreendidas em um desfile. Foi o caso da Ão de Marina Dalgalarrondo, em que vimos como a estética da marca fica muito mais fácil de ser absorvida em um vídeo.

    Lucas Leão foi quem mais impressionou ao digitalizar suas peças e colocá-las numa realidade virtual em 3D. O estilista questionou as noções de tempo e espaço. Interessante quando o carioca pontuou que o virtual não é sobre futuro, mas sobre o infinito e o imortal.

    Vídeo-desfile: A.Niemeyer, ÀLG, Juliana Jabour, Freiheit, Korshi 01

    Um time pequeno de designers preferiu andar, ou melhor, desfilar, por uma terra bem conhecida. Os vídeos foram mais fieis ao formato desfile que já estamos acostumados. Se por um lado é pouco inventivo, por outro consegue focar no produto final, o que acaba sendo algo seguro e familiar – já que internacionalmente etiquetas gigantes, como a Prada, foram pelo mesmo caminho. A Korshi 01 foi das marcas mais bem sucedidas nesse modelo. A linguagem do video foi bem explorada e bem humorada, com as modelos alternando-se entre a passarela e a primeira fila.

    Em um momento em que a moda não habita só um lugar, as apresentações digitais se mostram ferramenta importante dentro de um composto de comunicação sem funcionar como um substituto para os desfiles presenciais. Só reforçam o quão importante é pensar no que faz sentido para cada meio e formato a fim de atingir e dialogar com uma audiência cada vez mais pulverizada.

     

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