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    Conheça mais sobre Rick Owens e seu estilo, personalidade e os desfiles polêmicos
    O estilista Rick Owens
    Conheça mais sobre Rick Owens e seu estilo, personalidade e os desfiles polêmicos
    POR Camila Yahn

    Marca: Rick Owens

    Fundada em: 1994

    Estilista: Rick Owens

    Idade: 53 anos

    Background: Richard Saturnino Owens nasceu na Califórnia e estudou design de moda no Otis College of Art and Design, em Los Angeles, e largou após dois anos para fazer cursos de drapeado e modelagem em uma escola técnica. Um de seus primeiros trabalhos na indústria da moda foi fazer cópias de roupas de grife.

    Quando fundou sua marca, nos anos 90, Rick produzia em Milão e fazia viagens longas e incontáveis. Para facilitar o processo, mudou-se para Paris. Em 2002, ganhou o prêmio de Talento Emergente no CFDA e no ano seguinte conheceu sua esposa, Michèle Lamy, que virou sua parceira também nos negócios, e com quem está junto até hoje.

    Rick conheceu Michèle através de um namorado que tinha na época e sua opinião sobre sexualidade e amor é tão livre e aberta quanto sua postura no trabalho. “Sempre fui muito aberto em relação a minha sexualidade para não vir alguém e falar ‘eu encontrava com ele em sex clubs nos anos 80’. Acho que você pode estar livre para muito mais gente do que você imagina. Você não tem que ser apenas gay ou apenas hétero. Abra sua mente! Você pode não conseguir ser gay com a maioria das pessoas, mas talvez tenha uma pessoa em particular com quem possa dar certo. E não é apenas sobre sexo, é uma série de combinações que fazem as coisas funcionarem.”

    Personalidade: Rick é chamado de minimalista, radical e “o padrinho do ‘brutal chic’’, que é o termo que mais consegue descrever o que ele faz. A forma como se veste, como usa seu cabelo, muitas vezes estão também na passarela. Ele é intenso, livre, firme e com um olhar muito claro sobre sua estética. Assim também são suas coleções e seus desfiles, sempre absurdos e atmosféricos, um dos hot tickets de Paris. Até a música que ouve, seja hardcore, techno ou Wagner, tem essa mesma força e complexidade. Outra grande influência é a arquitetura (Frank Lloyd Wright e Niemeyer inclusos), o que fica claro não apenas na construção das roupas, mas também de suas lojas.

    Suas peças têm status de cult e Rick tem milhares de seguidores fieis, tanto que há o Tumblr People Wearing Rick Owens, com fotos de street style. Ele também foi “descoberto” pelos astros de hip hop Kanye West e Jay Z. “Acho que, à medida que nosso mundo vai ficando mais comercial, é interessante eles olharem para algo que não é tão óbvio, para marcas de moda mais obscuras. Antes, o hip hop olhava para marcas de luxo como Chanel, Gucci, Louis Vuitton, Versace. Fico feliz de ter clientes felizes com minhas roupas, mas não dou nada. Se eles quiserem, têm que sair e comprar.”

    Estilo da marca: Funcionalidade, minimalismo, simplicidade apenas aparente para encobrir uma complexidade de construção, sofisticada e criativa. Suas roupas, masculinas e femininas, são feitas em formas retas, em poucas cores, com drapeados localizados, linhas, camadas, sobreposições e texturas. Rick trabalha com desafios como tentar transformar o tule de forma que ele pareça concreto. O peso e a leveza em uma coisa só. A imagem final é tão nítida, como se fossem suas palavras, sua mente transformados em tecido. Especialmente no masculino, ele está ajudando a definir uma nova estética de estilo e guarda-roupa.

    “Olho para o meu trabalho e para o que parece ser uma expressão verdadeira pra mim e penso: como dou um passo à frente? Esse é o início do meu processo. Trabalho com imagens e olho para proporções, então imprimo, corto e faço outra proporção, adiciono linhas. O começo de uma coleção é assim”, explica em uma entrevista ao site The Talks.

    Rick também é conhecido pelos desfiles atmosféricos e inusitados. Entre os mais memoráveis, estão o masculino Inverno 15 em que, na forma como a roupa foi construída, havia uma abertura para o pênis; e o feminino Verão 14, em que dançarinas de step desfilaram as roupas do estilista.

    michele lamy

    Michèle Lamy, esposa de Rick Owens

    Sobre Michèle Lamy, sua esposa: “Michèle aprendeu a definir seu espaço, o que é ótimo. Ela também tem uma personalidade muito forte, então você pode imaginar. As pessoas acham que ela é o meu Pierre Bergé, pensando na configuração com YSL, mas ela é mais a Catherine Deneuve da história. Ela tem uma ótima visão, mas não fica no escritório no computador o dia inteiro. Michèle está pelo mundo, pesquisando e me trazendo coisas.”

    “Não sei onde eu termino e ela começa. Nós estaríamos tendo uma vida com uma estética linda, independente de sermos bem sucedidos. Aconteceu de as pessoas gostarem e comprarem nosso trabalho. Mas seria bom de qualquer outro jeito. Nós já fomos pobres juntos, poderíamos viver em um carro e seria muito divertido.

    Mas na hora de criar, eu preciso trabalhar sozinho. Se ela olhar pra algo que estou fazendo e não responder da forma que quero, vai me ferrar. Ao mesmo tempo em que quero que ela se engaje no que faço, também tenho que manter uma distância. Para o bem de todos, é melhor que eu faça o meu trabalho sozinho, quieto num canto.”

    Onde vende: Em lojas próprias em Paris, Londres, Tóquio, Milão, Miami, Nova York, Seul e Hong Kong, além de e-commerces como LN-CC, Ssense, Farfetch e Net-a-Porter e em seu site (que entrega no Brasil)

    Quem usa: Kim Kardashian, Kanye West, Gwyneth Paltrow, Jennifer Lopez, Miranda Kerr, Jay Z

    Site: www.rickowens.eu

    Instagram: @rickowensonline

    Quotes: “Não gosto de acessórios como anéis, bolsas, óculos escuros. É muito mais chique ser livre. Toda as jaquetas que desenho têm bolsos interiores grandes o suficiente para caber um livro, um sanduíche e o passaporte.”

    “Passo por estátuas de mármore e nus no parque todos os dias. Agora eu não posso usar esse imaginário? Homem nu é apenas apropriado num filme do Michael Fassbender? Essa é uma questão interessante.”

    “É muito difícil para alguém conviver comigo. Sou inflexível e às vezes coloco as pessoas na parede e digo: ‘é isso o que eu quero e não vou negociar’. Se eu tivesse que viver comigo mesmo, ficaria doente.”

    “Aprendi a não olhar para os relatórios de vendas. Se eu tivesse olhado pra isso no começo, teria desistido de fazer as coisas que hoje em dia são meus maiores sucessos, como sapatos. Então vendas não são respostas. A outra coisa é que eu não preciso fazer o que não quero e às vezes tenho que me lembrar disso. Afinal, não é que eu vá perder o meu emprego se não tiver os resultados que quero.”

    “Fui abordado por grupos querendo comprar minha marca. Pensei que se fizesse isso, poderia me aposentar no dia seguinte. Mas não quero me aposentar! Mas é tentador, eles te oferecem muito dinheiro e você pensa que nunca mais irão te oferecer esse tanto de novo, então é duro falar não.”

    “Tenho muita sorte de ter pessoas que me ajudam muito, me protegem e ajudam a crescer. Porque é impossível fazer isso sozinho. Muita gente pode ser estilista, ter ótimas ideias, mas é a questão da execução. É fácil ter uma visão, inspirações, mas se não executar e entregar tudo no tempo, não importa. Essa é a chave. Então sou muito sortudo quanto a isso. E ainda levo todo o crédito.”

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