“#29.942566, New Orleans, LA. 2008.”, 2009 ©Doug Rickard/Reprodução/Google Street View
Novas formas de lidar com a fotografia surgem a todo momento, ainda mais em uma era completamente tecnológica. Também, o dilema da fotografia como arte não é novo. Baudelaire, em 1859, disse em uma carta a uma revista francesa: “… a indústria fotográfica foi o refúgio de todos os pintores fracassados, demasiado mal dotados ou preguiçosos para acabar seus estudos. Esse deslumbramento universal teve não somente o caráter de cegueira e imbecilidade, mas também, a cor de uma vingança”. Podemos imaginar o que ele diria caso vivesse nos tempos de hoje, em que está em voga formas de reprodução, apropriação, colagem e ressignificação de imagens. Porém, no meio do caminho surgiram Duchamps, Warhols e Banksys, dando uma nova visão a toda essa história. Assim também, o conceito de arte, com toda a polêmica que assombra o uso da palavra, e sua apreciação tomaram rumos diferentes e positivos.
“#32.700542, Dallas, TX. 2009.” 2010 ©Doug Rickard/Reprodução/Google Street View
O artista Doug Rickard estava em uma lista de seis artistas escolhidos pelo MoMA em Nova York para compor a exposição New Photography 2011. O nome diz tudo. Mostrar o trabalho de fotógrafos que exemplifiquem a diversidade de estilos e técnicas da fotografia de hoje. Inspirado pela sua formação em história e sociologia, em seu projeto “A new american picture” (“Uma nova visão da América” em tradução livre), ele realizou uma extensa pesquisa de lugares nos Estados Unidos com extremos índices de desemprego e baixa educação. Por meio de uma viagem virtual pelo Google Street View, registrou cenas da pobreza americana em belas imagens com cores fortes feitas diretamente da tela do computador. De certa forma, um voyeur do voyeur, as fotos mostram o lado do sonho americano que não deu certo. Para reforçar a ideia, Doug fez questão de usar somente as imagens de baixa resolução feitas pelas câmeras nos carros do Google, já que notou uma diferença na qualidade das imagens de Manhattan com as dos subúrbios de Detroit, por exemplo.
Doug Rickard conta sobre o seu processo criativo e influências:
Algumas imagens parecem cenas de filmes, mas são, na verdade, cenas da vida real. Veja abaixo algumas imagens da série de Doug Rickard: