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    Karl Lagerfeld: mito ou “a invenção mais elaborada da moda”?
    Karl Lagerfeld: mito ou “a invenção mais elaborada da moda”?
    POR Camila Yahn

    Karl Lagerfeld com a vocalista do Florence and the Machine, Florence Welch, no final do desfile da Chanel Verão 2012 ©Reprodução

    Para quem transita pelo universo da moda, Karl Lagerfeld é uma autoridade. Correção: Para quem transita pelo universo da moda, arte, cultura e comportamento, Karl Lagerfeld é uma autoridade. Designer, ilustrador, fotógrafo, colunista político, editor e empresário, Lagerfeld é convidado para as mais variadas colaborações dentro dos mais variados assuntos. Com quase 80 anos de idade, o designer alemão parece ter uma energia que não acaba mais e interesse e conhecimento por assuntos variados.

    Como designer, Karl está à frente da direção criativa da Chanel há 28 anos e já trabalhou com marcas como Balmain, a maison que o acolheu, Chloé, e a especialista em peles, Fendi, onde ainda é diretor criativo. Lançou, sob seu nome, perfumes, acessórios e roupas, incluindo uma linha “mais acessível”, KARL; assinou uma linha para a H&M; criou uma coleção de sapatos para a grife Hogan; desenhou garrafas de Coca-Cola; fechou parceria com a marca de jeans Diesel, com a qual desenvolveu uma linha para a Lagerfeld Gallery, outra de suas marcas, comprada pela Tommy Hilfiger; apoiou designers em ascensão e tornou-se mecenas e guru de jovens aprendizes, tanto na moda, quanto na música. Vive la Fête, Chicks on Speed e Cat Power estão entre os artistas apadrinhados por ele.

    Duas das ilustrações de Karl Lagerfeld: a do anuncio da sua página de Facebook e a sua primeira ilustração para a revista de arquitetura “AD” ©Reprodução

    Já como artista, Karl contribui com as suas ilustrações para jornais e revistas. Para a edição francesa da revista “Elle”, Karl vai colaborar como colunista semanal com ilustrações de política durante a corrida eleitoral francesa, que dura até ao dia 22 de abril. Outra colaboração ilustrada foi a sua participação especial como editor-chefe para a edição global do jornal “Metro”, que contou não só com seus desenhos, mas também com suas opiniões. A sua mais recente colaboração é a participação como editor-chefe para a revista de arquitetura “AD”, que o noticiou com o seguinte título: “Em maio, Karl Lagerfeld fará o que quiser na revista AD”. Porque no fundo é isso, convidando Lagerfeld para uma colaboração, o melhor é mesmo deixa-lo fazer o que ele tiver vontade.

    Antenado em novas tecnologias, Lagerfeld tem a sua página no Facebook, e acabou de lançar o site KARL.com, dedicado à linha de roupa KARL e onde o designer promete atualizar seus fãs e seguidores sobre a sua vida agitada em uma seção chamada “The World of Karl” (o mundo de Karl) e onde também partilha alguns dos seus pensamentos, aos quais o designer deu o título filosófico de Karlisms.

    Duas fotografias de Karl Lagerfeld: a campanha da Chanel e a capa da edição de abril da revista “i-D”, para a qual ele se autofotografou ©Reprodução

    Karl Lagerfeld é também fotógrafo e escritor, além de um exímio colecionador de livros, com uma biblioteca de mais de 230 mil títulos, e proprietário de uma editora, a Editions 7L, dentro do grupo editorial alemão Steidl, por onde o designer já lançou “um número limitado de lindos livros” que representam o que ele acha que vale a pena ser mostrado ao mundo.

    Alguns exemplos da sua obra fotográfica são a sua última campanha para a Chanel e o calendário da Pirelli de 2011, fotografado em seu próprio estúdio. Enquanto escritor, Karl co-escreveu com o médico Dr. Jean-Claude Houdret, que desenvolveu especialmente para o designer a dieta que o fez perder 42kg em um ano, o livro “The Karl Lagerfeld Diet”, publicado em 2005. No livro, Karl não tem medo de admitir que fez o regime por uma questão estética e não de saúde: “Sempre tive peso a mais e nunca me incomodou, mas teve uma manhã que acordei e percebi que queria usar um outro tipo de roupas”.

    O assunto do peso a mais, aliás, já lhe trouxe várias desavenças: em 2004, quando colaborou com a rede de fast-fashion H&M, foi obrigado a desculpar-se quando afirmou que não sabia que as suas roupas iam ser feitas em tamanhos grandes e, recentemente, as críticas em relação à multipremiada cantora britânica Adele, quando disse, na sua edição do jornal “Metro”,  que “apesar de ter um rosto e voz lindas, ela é um pouco gorda demais”.

    Nas horas vagas, coisa que custa um pouco a acreditar que Lagerfeld tenha, o designer se diverte reformando casas e apartamentos. Para quem se interessar, aliás, o seu apartamento em Gramercy Park, Nova York, está novamente no mercado, por 5.2 mil dólares, menos um milhão do que no ano passado.

    Duas sátiras inspiradas em Lagerfeld: Karl como Homer Simpson, e uma ilustração do livro de AleXsandro Palombo, que mostra por meio de humor negro como seria o funeral de Karl Lagerfeld ©Reprodução

    Pois então, Lagerfeld parece inspiração pura. Um homem culto, antenado nas últimas novidades, com opiniões afiadas e liberdade conquistada para falar o que pensa sem ser questionado, o que já lhe valeu capas de revistas, temas de jovens estudantes, sátiras, caricaturas e muitas críticas.

    A mais recente valeu, à editora de moda da “Newsweek” e do site “The Daily Beast”, Robyn Gihvan, um dos últimos lugares no seating da Chanel por conta de uma matéria que, apesar de extremamente embasada, apelidava Karl de “mito criado pelo mundo da moda, muito mais admirado do que realmente merecia”.

    A matéria de Gihvan começa com uma frase que cai como uma bomba. “Karl Lagerfeld is overrated” (“Karl Lagerfeld é superestimado”), seguida por: “Esta afirmação parece uma heresia no universo da moda (…) mas é verdade”. No seu texto, Robyn deixa claro que sim, o trabalho de Karl é importante, mas que ele não é “tudo isso” que o universo da moda faz crer. A jornalista tira Lagerfeld do pedestal e continua a sua dissertação questionando a real mudança e influência de Lagerfeld na Chanel, comparando-o a designers das outras casas francesas que imprimem o seu estilo próprio nas roupas que criam. Robyn nunca desmerece o designer, elogiando e reconhecendo todo o seu trabalho e a sua contribuição para o mundo da moda. Ainda assim, Lagerfeld presenteou a jornalista com o seu mais temível presente: um dos seus “karlismos” – “nem sei quem é essa mulher”, disse ele sobre Givhan, vencedora do primeiro prêmio Pulitzer atribuído a uma jornalista de moda. No final da sua matéria, Robyn deixa a reflexão: “Karl Lagerfeld, o gênio, virtuoso e mágico em qualquer campo, é a invenção mais elaborada da moda: um mito que engoliu o homem”.

    O homem, o mito? O que você acha?

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