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    Menino do Rio: o designer Dan Tavares é novo nome para ficar de olho

    Ele ainda sequer tem etiqueta mas já vendeu tudo o que criou ao postar seus designs nas redes sociais

    Por Mark Cardoso

    Ele ainda não é uma marca. Ele ainda sequer etiqueta as peças interessantíssimas que tem produzido, as quais têm chamado a atenção dos olhares mais sedentos por experimentalismos e autoralidade. Mas o carioca Dan Tavares já é um nome a ser acompanhado. Anote aí.

    Após bons anos na arquitetura, tendo passado por grandes escritórios, há dois anos ele começou seus experimentos criativos na moda. “Eu já estava trabalhando há algum tempo com cenografia quando, em 2018 ou 2019, tive a oportunidade de começar a fazer aulas de costura em um ateliê de Ipanema, no Rio. Isso porque eu comecei a querer entender os processos… e nada mais justo do que estar neste estágio, entendendo como é a construção das coisas”, conta.

    Dan lembra que, em um primeiro momento, tinha em mente o objetivo de produzir moda feminina, que ele diz ter sido o seu referencial até então. “Mas eu comecei a experimentar as coisas pra mim, coisas que eu gostaria muito de usar e ter e que por algum motivo não rola… por não serem acessíveis ou comerciais.” O ano que se sucedeu foi assim: produção e experimentos de peças para ele próprio.

    o designer dan tavares vestindo uma de suas criações. foto: arquivo pessoal

    o designer dan tavares vestindo uma de suas criações. foto: arquivo pessoal

    A pandemia, os processos e a arquitetura

    Quando o mundo virou de pernas pro ar com a pandemia, Dan começou a pensar na moda como uma forma de, talvez, alavancar aquilo que ele já estava construindo, aos poucos para si. Tudo com o apoio e supervisão da professora e mentora que, até hoje, ministra aulas semanais a ele. “Foi aí que as pessoas começaram a chegar até mim, curiosas com o que estava rolando no meu Instagram. Mas tudo muito tímido, ainda, querendo entender um pouco mais. Até porque, eu ainda não divulgo de forma muito clara, exatamente o que é… acho que isso tá sendo uma jornada, um processo”, reflete.

    Seu próximo passo foi debruçar-se sobre os estudos de modelagem, que é algo que chama o olhar na autoralidade visual que o designer já consegue imprimir em suas criações. Foi aqui que Dan conseguiu aproximar mais a sua moda da arquitetura, que lhe serviu de berço intelectual, e entender melhor essa bagagem arquitetônica, agora, aplicada ao novo métier. “Isso me ajudou bastante. Desde a metodologia de projeto até a construção e a imaginação de um produto que vem de um desenho, de um elemento ainda planificado, e entender os processos até ele se tornar algo tridimensional”. Entre uma colocada de mexa de cabelo no lugar e outra, o designer conta ainda que tudo o que ele se propõe a fazer, hoje, acaba sendo puxado muito das suas experiências na arquitetura e das referências estéticas que foi adquirindo ao trabalhar nessa área.

    Quando fala-se em silhueta e modelagem, fala-se da atual espinha-dorsal do trabalho experimental de Dan Tavares. Há sempre algo de deslocado, algo de oversized, algo de amarração fora do esperado. “Eu acredito e direciono muito do meu trabalho para as modelagens amplas. Gosto de pensar que as pessoas têm que se sentir confortáveis para se movimentar na roupa, pra você respirar aquilo. E as modelagens mais estruturadas são mais uma questão vinda da Arquitetura. Isso de você ter uma clareza nas linhas retas, ao mesmo tempo em que, por serem estruturadas, se tornam mais imponentes em algum sentido. E aí, as criações ficam nesse lugar entre o bruto versus o delicado”.

    Outros detalhes que orientam a criação do designer são a preocupação em não ter nenhum acabamento que acabe por apertar o corpo, zíper ou botões. E ele explica o porquê: “quando você faz uma amarração, você dá a oportunidade à pessoa de vestir aquilo de muitas outras formas diferentes. A minha bermuda de amarração, por exemplo, eu uso de um jeito e, quando vendo pra outras pessoas, vou ver e elas estão usando de outra maneira. Além disso, essa decisão também permite que minhas peças tenham a modelagem mais democrática, atendendo diferentes tipos de corpo.”

    “Um dia muito importante foi quando calhou do meu pai modelar pra mim, com peças minhas. Eu tinha uma produção pra fazer e eu falei com ele que o meu cliente tinha as mesmas medidas.  E aí, ele topou experimentar para eu ver como ia ficar. E como ficou super lindo, eu tive que fazer uma foto.”

    o pai de do design, que serviu de modelo para um dos looks

    o pai de do designer, que serviu de modelo para um dos looks

    Suas referências e estética

    Se o assunto em questão passa por um pensamento criativo que visa à simbiose da tridimensionalidade que há tanto no desenho de roupas quanto no desenho de espaços, as referências do designer, de 32 anos, acabam por refletir essa mistura de repertórios. “As minhas referências passam pelo modernismo brasileiro, que eu gosto muito. Sou um pouco obcecado por essa ode à forma. O simples que não é tão simplório. Você fazer o simples, mas com certa sofisticação, e conseguir compor isso com proporções, cores e formas, fazendo com que seja algo complexo, mesmo no simples. O modernismo também me fala de uma clareza no olhar, de ser uma leitura muito fácil, mas de ter todo um trabalho e um pensamento por trás disso, pra chegar nesse produto final”, elabora.

    A arquitetura é trabalhar volumes, formas, cheios e vazios. O trabalho de Dan Tavares soma a isso a questão da cor, que aparece de forma bastante blocada em sua paleta de opções. “É curioso que eu sempre fui muito avesso a cores, o que torna a cor um assunto delicado pra mim”, se diverte. “Sempre fui uma pessoa do branco, do preto. E quando comecei minhas experiências, era esse o caminho. Como eu tenho feito as coisas sob demanda, as pessoas chegavam dizendo que tinham amado o preto, mas perguntavam se não dava pra fazer num azul. E aí, eu comecei a ir perdendo o medo das cores, ao ver um resultado muito legal. Já a dualidade entre o masculino e feminino acabou sumindo. “Foi quando eu entendi que eu não precisava rotular o meu trabalho com ‘moda masculina’ ou ‘moda feminina’.

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    Futuro

    Ao contrário do ritmo ditado pela ansiedade dessa geração, Dan tem um olhar sóbrio e maduro sobre si e sobre seus planos futuros. “Eu ainda não me enxergo enquanto marca. Preciso caminhar um pouco mais para entender isso. Estou construindo o que acredito e traçando esse caminho, experimentando ainda, entendendo o que dá certo e o que não dá dentro disso que eu acredito… e eu sinto que vou precisar de um pouquinho mais de tempo para me ver como marca.”

    Portanto, em seu horizonte, Dan Tavares mira seguir com esse processo de auto-organização. “Agora, minhas ‘minimetas’ são conseguir me organizar formalmente um pouco mais para conseguir expor melhor o trabalho e ter alguma coisa mais palpável em relação às peças, já que a demanda está ficando maior e eu preciso conseguir dar conta disso. Quero continuar conseguindo me debruçar sobre todos os processos, por mais que eu, agora, não esteja mais cem porcento costurando as coisas. Tudo isso para poder chegar às pessoas de uma maneira mais clara do que a com a qual eu chego hoje, sabe?  Eu tenho me conectado cada vez mais com mais pessoas e tenho visto a necessidade de dar alguns passos nesse sentido: formalizar um pouco mais as coisas para que elas andem com mais rapidez, no final”.

     

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