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    Projeto orientado por Walter Rodrigues mapeia identidade de moda do sul do país
    Projeto orientado por Walter Rodrigues mapeia identidade de moda do sul do país
    POR Redação

    O cartaz do Projeto Identidade Cultural da Serra Gaúcha ©Divulgação

    “Se pensarmos de uma maneira prática, o que é globalizado fica uniformizado e isso se perde no valor, porque se tudo é igual, a pessoa compra o que é mais barato, e não o que é mais interessante”. Foi assim que Walter Rodrigues prendeu a atenção de todos logo no início da apresentação do Projeto Identidade Cultural da Serra Gaúcha, que o FFW foi conhecer em viagem a Caxias do Sul. “O trabalho de hoje é resultado de uma gerência muito profunda da questão da identidade, principalmente das empresas. Porque a empresa não é um prédio, não são as máquinas; são as pessoas e como esse conjunto de pensamentos e ideias converge para um produto que tenha alma”, Walter completou.

    A iniciativa começou em 2009 como um levantamento das manifestações culturais da região: o rezar, o fazer, o comer, o trabalhar, o morar, o ser sustentável. Como afirmou a coordenadora da pesquisa, Mercedes Lusa Manfredini, “nossas raízes são os valores mais caros e profundos da espécie humana; significam herança e identidade de cada ser. Conhece-las é conhecer um pouco mais de si próprio”. O aprendizado serviu de base para a segunda fase do projeto, com o desenvolvimento de produtos de moda de empresas locais – foi quando Walter Rodrigues entrou como convidado, orientando o desenvolvimento de coleções especiais de nove marcas a partir dos referenciais escolhidos por elas, transformando elementos culturais em cores, formas e texturas.

    As empresas participantes foram: Cootegal, Upman, Iungui, Di Farr, Sultextil S/A, Bordados Jussara, Jóias Condor, Indecense e Jóias Ícaro, todas com o desafio de olhar para o seu entorno buscando valores culturais que merecessem ser destacados. A própria apresentação das coleções seguiu esse esforço, e aconteceu no Instituto Hércules Galló, em Galópolis, escolhido por sua importância histórica no segmento têxtil e de moda no Rio Grande do Sul: lá, em 1891, teve início o primeiro lanifício da região, sob o comando de imigrantes italianos, e que mais tarde foi adquirido e desenvolvido por Hércules Galló. Hoje, a tecelagem continua ativa sob o nome Cootegal — uma das empresas participantes do projeto.

    Sobre a fase “prática” da iniciativa [que, vale citar, teve também a participação de alunos do Curso de Tecnologia em Design de Moda da Universidade de Caxias do Sul], Walter Rodrigues afirmou que “é maravilhoso quando se pensa na perpetuação de uma marca da Serra Gaúcha que transcende a marca Rio Grande do Sul e vai virar um made in Brazil cada vez mais forte. Eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte disso porque eu, como designer e como brasileiro, acredito que é só dessa forma que a gente vai se tornar cada vez mais incrível. Todo mundo já gosta da gente, só que às vezes não sabemos comunicar e fazer com que gostem ainda mais. É olhando pra nós, pra dentro dos nossos corações, que vamos mostrar que somos ainda mais gostosos do que eles pensam”.

    As coleções especiais, em sua maioria trabalhadas dentro da temporada Inverno 2013 [embora marcas como a Iungui tenham optado pela atemporalidade], foram desenvolvidas dentro da metodologia de “10%, 30% e 60%”: 10% de experimentação, em uma busca de algo novo que não exista dentro dos processos de industrialização; 30% de produtos de tecnologia dominada, mas ainda não expandida; e 60% de itens que são do DNA da empresa. Veja abaixo as imagens conceituais de cada uma delas, clicadas pelo jovem fotógrafo Weslei Torezan, com direção de criação de Walter Rodrigues:

    Cootegal

    A Cootegal (Coorperativa Têxtil de Galópolis), fundada em 1891, planejou sua linha especial pensando na “essência da fábrica” e afirmou que participar do projeto mudou a forma de planejar suas coleções ©Weslei Torezan/Divulgação

    Upman

    A Upman, marca masculina de homewear, underwear e beachwear, imaginou uma viagem de Maria Fumaça pela Serra Gaúcha. A estamparia traz figuras de relógios e engrenagens de trens; uma estampa especial flocada [na foto] representa a folhagem da Serra ©Weslei Torezan/Divulgação

    Iungui

    A Iungui, marca voltada para o público infantil, teve inspiração na figura do gaúcho e no seu envolvimento com o ambiente que o cerca: a proposta foi traduzida com sensibilidade para as roupas, como nos delicados bordados que reproduzem araucárias e rodas de carreta ©Weslei Torezan/Divulgação

    Di Farr

    A Malharia Di Farr, de Farroupilha, trabalhou uma imagem rústica com 60% da produção voltada para a sua especialidade, que é o vestuário masculino e feminino, mas com uma modelagem mais justa; 30% de acessórios como ponchos; e 10% de itens de decoração, como capas e mantas de pufes ©Weslei Torezan/Divulgação

    Sultextil S/A

    Além de dois jacquards inspirados em corujas [na foto], em homenagem à família dessas aves que mora na sede da empresa, a Sultextil criou um tecido tingido em um lago natural e que, curiosamente, mantém o “cheiro de natureza” ©Weslei Torezan/Divulgação

    Bordados Jussara

    A marca de homewear e lingerie Bordados Jussara optou por olhar para a sua própria história, valorizando suas estampas e criando novas padronagens, como uma que foi curiosamente feita com a sobreposição de tiras de durex ©Weslei Torezan/Divulgação

    Jóias Condor

    A empresa organizou sua coleção com 60% de seus produtos com inspiração em temas, formas e arquitetura religiosa; 30% com inspiração na natureza; e 10% com inspiração na geada, fenômeno climático típico da Serra Gaúcha ©Weslei Torezan/Divulgação

    Indecense

    ©Weslei Torezan/Divulgação

    Jóias Ícaro

    ©Weslei Torezan/Divulgação

    Para a coordenadora da pesquisa, Mercedes Manfredini, “os resultados deste piloto demonstraram que ele foi um sucesso”. Ela afirma que há instituições interessadas em organizar o projeto e que, “se tivermos parceiros, gostaríamos de dar continuidade para desenvolver a indústria da região, para ela se diferenciar e ter produtos com alto valor agregado”.

    Projeto Identidade Cultural da Serra Gaúcha
    Coordenação do projeto: Mercedes Lusa Manfredini
    Pesquisa: Bernardete Susin Venzon e Eliana Rela, com colaboração de Andrea Balbinot e os alunos do Curso de Tecnologia em Design de Moda da UCS
    Orientação no desenvolvimento dos produtos: Walter Rodrigues
    Realização: Polo de Moda da Serra Gaúcha e a Universidade de Caxias do Sul (UCS), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)

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