E a fila, hein? Já passou lá? Tá tranquilo? Pegou tudo?
Tudo bem que o primeiro desfile estava marcado só para às 17h30, mas bem antes disso o movimento fashionista na Bienal já era intenso. Tudo porque para esta edição o esquema de distribuição de convites sofreu algumas alterações. Ao invés de receber os convites em casa ou na redação como antes, agora toda imprensa que cobre o evento precisa retirá-los pessoal e diariamente num “check-in” localizado na sala de imprensa.
E as mudanças não param por aí. As disposições das salas também foram alteradas, o que deixou os transeuntes _principalmente aqueles acostumados com a planta antiga_ desorientados nas primeiras horas do evento. Mas passou.
Ah, e tem a entrada nova. Em nova localização e com uma mega passarela sobre um grande espelho d’água. É bonito, mas tem gente já sentido o drama de caminhar todo o percurso durante os seis dias de evento _ainda mais quando se chega atrasado.
Mas vamos aos desfiles. O 1º dia de SPFW começou com Raquel Zimmermann (mais uma vez) para a Animale. Mas se o casting com a top se mostra repetitivo, a coleção foi bem o oposto. Embarcando na atual onda minimalista, Priscilla Darolt eliminou os excessos de sua imagem, mostrando experimentos têxteis muito mais focados _e eficientes. Quem sai ganhando com isso é a consumidora final, que agora passa a enxergar na sede de inovação da estilista algo possível para seu guarda-roupa. E isso sem desagradar a ala fashionista ávida por poderosas imagens de moda.
O melhor fica por conta do excelente trabalho com tricô _agora em lã de alpaca. Texturas diferentes numa mesma peça aparecem ora geométricas, ora quase como um degradê texturizado. A alfaiataria continua em lugar privilegiado, agora numa série de peças híbridas como no macacão com recortes na cintura para dar a ilusão de 2 peças separadas, ou então nos coletes que se fundem aos vestidos até se tornarem abas.
Na Tufi Duek foi o design escandinavo que serviu de inspiração para Eduardo Pombal. Saem da decoração e desenhos das casas de Estocolmo os traços puros que definem as formas de seu inverno 2011. O constante uso de madeira e os ótimos acessórios em cobres também encontram ali suas raízes. As formas seguem estruturadas, mas com volumes calmos, geralmente nas saias, ora com cintura bem baixa ou marcada no lugar. Texturas por toda parte dão vida a moda minimalista que Pombal tanto gosta e que agora parece mais adequada do que nunca. Destaque para os couros e os paetês bordados aos montes conseguindo visual de pele animal.
Se há 3 temporadas Pombal deu início a uma nova fase na Tufi Duek, agora é como se essa nova etapa ganhasse literalmente sua assinatura. Sem “assombrações” do passado, ou imposições de um certo estilo minimal-sofisticado de ser, o estilista apresenta-se bem à vontade e completamente seguro sobre os rumos que pretende tomar.
E como filho de peixe, peixinho é, situação bem similar acontece na Triton. Da alfaiataria vem o clima colegial, aqui trabalhado com uma vontade ser descolada. Do overload de informações das grandes cidades _principalmente Nova York_ vêm as estampas exclusivas, os brilhos e o grande mix de referências traduzidos em ótimas sobreposições do afiado styling de Daniel Ueda.
Com cartela de cores inteligente _misturando neutros com rendas flúo ou peças de brilho furta-cor_, proporções acertadas, bons básicos _ calças secas, camisas de corte clássico e paletós e casacos de diversos tamanhos; saias assimétricas; vestidos e paletós com a cintura marcada_ Karen Fuke e equipe atingem um clímax que há tempos vinham buscando: um status cool descolado na medida certa. O que isso significa? Bem, que com peças capazes de agradar os consumidores de massa, conseguiram criar imagens bem interessantes, até para os editores mais exigentes.
E para dar um pouco de drama neste primeiro dia teve ainda o desfile de Samuel Cirnansck. A apresentação abre com vídeo assinado pelo diretor Dácio Pinheiro, em que uma menina perdida e assustada corre por uma floresta à noite. O curta serve de pano de fundo para coleção inspirada nas esculturas de galhos de Patrick Dougherty e nas imagens macabras do artista Mark Ryden.