“Never before … maybe never again. Limited-edition street style, designed by global influencers.”
(Nunca antes … talvez nunca mais. Streetstyle em edição limitada, criado por influenciadores globais)
Assim é como a Amazon descreve seu novo projeto, The Drop. Ainda sem data de lançamento, o Drop se inspira no modelo de distribuição que fez a Supreme virar um negócio de bilhões de dólares. Em poucas linhas, ele consiste em lançar coleções menores e limitadas que entram e saem das lojas todos os meses, de maneira que a marca tem sempre novidades, mas você precisa chegar logo se quiser comprar. Espertamente, o slogan da Amazon para essa empreitada resume bem o processo: never before, maybe never again.
O drop saiu da vanguarda do streetwear para ser adaptado por marcas de moda de luxo e agora chega ao outro extremo: uma gigante digital multinacional.
Soma-se a isso o poder que os influenciadores têm na hora de induzir uma compra entre seus seguidores. O projeto fará uma parceria com trendsetters globais (Paola Alberdi, Sierra Furtado, Patricia Bright e Emi Suzuki) que serão os criadores das linhas e irão ajudar os consumidores “a se vestirem da cabeça aos pés em suas coleções de edição limitada. Nossos influenciadores baseiam-se nas tendências ao seu redor, oferecendo acesso ao estilo global”, segundo a Amazon.
Cada coleção individual ficará à venda por apenas 30 horas ou menos porque os tecidos e materiais usados são limitados. E as peças serão produzidas somente após uma encomenda para reduzir desperdícios. Para descobrir quando cada drop irá chegar, é só cadastrar seu número de celular para receber avisos via mensagem de texto.
A ideia da produção limitada é manter as peças em demanda e o desejo sempre aceso. E como sabemos, demanda cria desejo e desejo cria demanda.
No caso das marcas de streetwear, o nível de autenticidade de um drop é alto; na Amazon deve funcionar de outra maneira, já que por trás das criações estão influenciadores e não designers, inspirando-se em tendências globais em vez de ideias próprias. Quando ela fala em drop, não está -naturalmente – se dirigindo a mesma turma que faz fila na porta da Supreme e sim para o público de massa que, assim como a Amazon, pega a “moda” lá na frente, em seu último suspiro.
Já tem especialistas que dizem que o streetwear já passou. Gosha Rubchinskiy, estilista russo que tem um grande following de aficcionados por moda, fechou sua marca para abrir a GR-Uniforma, debruçando-se numa investigação acerca dos uniformes, que para ele, representa o agora. O consultor e diretor criativo Nicola Formichetti, que esteve no Brasil recentemente, também me disse que a era streetwear está com os dias contados.
Mas assim funcionam as tendências na moda, como o movimento do sol: nasce de um lado e morre do outro. Resta saber se a gigante digital irá conseguir manter o status cult característico do drop.