Por Isabella de Almeida Prado, em colaboração ao FFW
Durante quatro finais de semana, acontece em regiões do Rio de Janeiro o festival Dá Pra Fazer, criado pela Rider. Em sua primeira edição, o evento gratuito já reuniu desde o dia (18.03) o público no centro da cidade, na Rua da Gamboa, e no bairro de Madureira. Com 12 horas intensas de shows, cinema ao ar livre, exposições e mesas de debate, o festival foi realizado este final de semana (01.04) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que fica cerca de 40 minutos do centro do Rio. “Um dos grandes motivos do festival, é o carioca se sentir representado em outras partes do Rio de Janeiro, fora da Zona Sul. Para estimular a troca, o fluxo”, conta ao FFW o especialista em marketing da marca, Matheus Bedin.
Coletivos artísticos locais foram convidados pela marca para participar das atividades, assim como moradores da região, que deram uma força, participando da venda de alimentos em food trucks no espaço. O fato de ser totalmente aberto e de graça, abraçou a comunidade que estava ao redor, que começou a lotar as ruas por volta das 18h – não tinha ônibus ou carros que passassem com facilidade por ali. O palco principal foi montado em frente ao Soma Hub, um espaço cultural onde funciona um bar e também uma loja. Nomes como Rincon Sapiência, A Bronca, Minha Luz é de LED e Heavy Baile agitaram o palco com muito funk, rap e hip hop.
Veja abaixo quais foram os destaques do terceiro final de semana do evento.
Papo de fazedores
Sem dúvidas, os shows são momentos especiais e os mais aguardados da noite. Mas as mesas de debate roubaram a cena no evento. O coletivo RAXA, composto por mulheres cariocas, foi quem fez a curadoria de algumas das conversas que aconteceram no sábado. Na primeira roda do dia, o segundo andar do Soma Hub recebeu a poetisa Mel Duarte, que faz um belíssimo trabalho com poesia em escolas e na Fundação Casa, em São Paulo, e a atriz Luellem de Castro, do grupo Teatro de Afeto. Por lá, um papo sobre feminismo negro e racismo enalteceu a necessidade da discussão desses temas. O clima intimista, com cadeiras de praia para quem acompanhava na plateia, deu muito conforto para que as outras mulheres que participassem da palestra e compartilhassem suas histórias. Um momento bem especial. Mel Duarte e outras poetisas como De Lei, Thais Cristina e Caroline da Mata (Grupo Antepassado de Cor) e Lily Santos fizeram uma exposição de rimas, poesias e músicas, criadas por elas e por outros autores. Violência contra mulher e preconceito foram os principais temas. No estacionamento do Soma Hub, o Facção Feminista Cineclub, da Baixada Fluminense, discutiu a presença das mulheres no audiovisual fluminense, outra palestra que roubou a atenção do público.
Novo posicionamento
A Rider completou 30 anos no ano passado, mas a marca já estava pensando em mudar o seu posicionamento no mercado desde o final de 2015. Já fez outros festivais no Rio, como o Rider Weekend, que acontecia na Marina da Glória, mas segundo Matheus Bedin, o evento ainda não passava a imagem idealizada pela Rider. “A gente fez uma sessão de co-criação com algumas pessoas daqui do Rio para criar o festival perfeito, um festival que todo mundo gostaria de ir. Chegamos nesse formato, que é muito colaborativo, um trabalho em rede, descentralizado e várias coisas acontecendo ao mesmo tempo”, explica Matheus sobre o Dá Pra Fazer. Além de buscar um público mais jovem, a nova identidade da marca culminou em parcerias interessantes, como a com a Cartel 011, que deu uma cara mais street ao modelo R86, chinelo de tira grossa que é o ícone da marca, e uma papete, ambos já à venda na loja física e online da multimarca.
Moda e afins
A chuva comprometeu a programação do cinema ao ar livre, mas os papos de roda e as barracas com diversas opções de hambúrguer e sanduíche deixaram o lugar bem movimentado durante todo o dia. Em uma tenda foi montado o Circo Indie, espaço dedicado à moda e à arte. Destaque para as publicações independentes da Nano Editora, os ótimos achados do Brechó Gambiarra – que tem uma festa homônima que está fazendo sucesso no Rio – e as pochetes da Acorda, uma marca que usa sobras de tecido para fazer produtos únicos.
No palcão
Entre os nomes que se apresentaram no palco do festival, destaque para os produtores musicais do Heavy Baile, Leo Justi e Mc Tchelinho, que fazem bons remixes de funks atuais e do começo dos anos 2000. Junto com o Tropkillaz, o Heavy Baile assinou recentemente a produção musical do hit “Toca na Pista”, da MC Carol. As batalhas de rimas também agitaram a plateia, que esperou ansiosa pelo show do rapper e poeta paulistano Rincon Sapiência. “Meu verso é livre, ninguém me cancela/Tipo Mandela saindo da cela”, cantou o público extasiado com a música “Ponto de Lança”, lançada no final do ano passado pelo artista. Um dos grandes destaques da noite foi a apresentação do Abronca (ex-Pearl Negras), formado pelo trio de rap Alice Coelho, Jennifer Loiola, Mariana Alves. Após o sucesso que fizeram em 2014, com o “Biggie Apple Mixtape”, fizeram shows na Europa e nos EUA. Em um show enérgico, com mensagens sociais e muito poder feminino, valeu ouvir o novo hit do trio, “Chegando de Assalto”, produzido por Leo Justi. Uma bicicleta com luzes e um soundstyem potente, chamada de bananonike, trouxe o som do bloco alternativo do carnaval do Rio, o Minha Luz é de Led, que mistura funk, disco, MPB e tecnobrega.
No próximo final de semana, dia (08.03), o festival Dá Pra Fazer acontece no Recreio. Confira aqui a programação completa.