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    A relação da Geração Z com a vida noturna

    Menos consumo de álcool, saúde como prioridade e noitadas mais curtas definem o futuro da socialização entre os jovens.

    A relação da Geração Z com a vida noturna

    Menos consumo de álcool, saúde como prioridade e noitadas mais curtas definem o futuro da socialização entre os jovens.

    POR Laura Budin

    É fato que, a cada geração, as tendências comportamentais acabam mudando. Na geração Z (nascidos a partir de 1995), essas mudanças vão desde a forma que consomem notícias e se relacionam com a vida profissional até como escolhem levar uma vida social. Dentro dessa onda comportamental, o que mais vem chamando atenção é que o consumo de bebidas alcoólicas não é tão sedutor para os gen Z’s, quanto era para os millennials, e como uma coisa leva a outra, consequentemente sair para clubs e festas que vão até o amanhecer já não são mais sinônimos de diversão.

    Vale ter em mente que parte dos jovens dessa geração completaram 18 anos durante os anos da pandemia e restrição social.

    Começa cedo, acaba cedo
    Seja pelo alto custo de sair de casa até o comportamento mais introvertido fora da internet, a geração Z está mudando antigos hábitos sociais. Ir ao cinema foi substituído por assistir Netflix, pesquisar novas bandas é algo raro boa parte conhece artistas indicados pelo algoritmo do Spotify… Sair à noite para encontrar novas pessoas? Não, agora faz mais sentido passar alguns minutos swiping em aplicativos de namoro. Frequentar clubs e festas all night long então se tornou algo sem sentido e desencadeou uma série de grandes mudanças de comportamento.

    ‘‘Acredito que houve uma grande mudança na forma como as pessoas frequentam as festas hoje e como frequentavam há 10 anos. A demanda por espaços diferentes que abrigam públicos diferentes fez com que novos lugares fossem abertos ou até mesmo re-significados, e depois da pandemia que devastou o bolso de todos, inclusive dos clubes e bares, esse é com certeza um período de renascimento. Acredito que as pessoas não se limitam mais a saírem somente às 11 e voltarem às 6 da manhã, visto que existem festas que começam às 20h e terminam 1 ou 2 da manhã, ou até mesmo eventos durante o dia e na rua que acabam sendo bastante democráticos e atraem pessoas que buscam novas formas de se divertir’’, relata Golden Kong, DJ e produtor musical.

    https://www.tiktok.com/@beyzakrbyr/video/7328127010037878049?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7288743281298261509

    De acordo com uma pesquisa de julho de 2022 da Keep Hush, a geração Z está menos interessada em ir a baladas e festas após a pandemia – com apenas 25% expressando algum interesse em sair. Dessa forma, a nova geração gravita em direção a noitadas mais leves como ir a shows e bares.

    Nada de álcool
    Outro efeito de uma geração que sai menos e quando sai volta pra casa mais cedo, diz respeito ao consumo de álcool. De acordo com um relatório da World Finance, a geração Z bebe 20% menos que a geração anterior – que por si só, já bebia menos que os boomers. Dentre as razões apontadas pelo relatório para esses padrões de consumo menores, destaca-se a maior consciência dos perigos e efeitos do álcool, além de 86% desses consumidores apontarem a saúde mental como um fator decisivo na escolha do consumo de álcool.

    ‘‘Beber sempre teve a nuvem negra da ressaca pairando pela minha cabeça, o que é um saco pra grande maioria que bebe. E eu simplesmente passei a não beber nos rolês, e ver como eu me sentia. E pra minha surpresa nada mudou, os rolês ainda eram os mesmos, mas agora eu me sinto muito mais a vontade comigo mesma e com todos, justamente por não sentir mais a necessidade de fingir gostar de algo só porque é uma ‘norma social’, relatou Cecília De Angelis, 23, produtora musical.

    https://www.tiktok.com/@olivianoceda/video/7207918260694551850?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7288743281298261509

    Outro estudo, feito pela NCSolutions, apontou que ‘‘a proporção de membros da geração Z que planejam beber menos álcool em 2024 aumentou 53% ano após ano’’. É importante destacar também que o consumo de álcool por menores tem diminuído na maioria dos países de alta renda nos últimos 20 anos, de acordo com o mesmo estudo.

    ‘‘Minha relação com álcool é zero e sempre foi, não quer dizer que nunca experimentei mas também nunca realmente bebi, seja cerveja ou qualquer outro destilado. Trabalhando na noite percebi que de alguma forma as pessoas estão bebendo menos, talvez seja uma questão de consciência, mudança de hábitos ou preço, não consigo saber ao certo. Percebo também o consumo maior de cigarros sejam eles quais forem, talvez as pessoas estejam fumando mais do que bebendo e isso tenha relação com os três itens que citei’’, disse Golden Kong.

    Grande parte dessa mudança de hábitos é atrelada à pandemia e aos padrões de comportamento de uma geração inteira que nasceu e vem crescendo dentro do mundo digital. Como o consumo de álcool não é uma atividade central nestes espaços, esta mudança resultou naturalmente numa redução do consumo. Além disso, com uma onda de jovens priorizando a saúde física e mental e uma rotina de esportes equilibrada – como as populares corridas -, noites mal dormidas e ressaca já não se tornam tão tentadoras quanto antes.

    Letícia Zambon, 23, fotográfa e artista multidisciplinar carioca que mora em São Paulo, por exemplo, divide sua experiência em voltar a beber: ‘‘Fiquei três anos totalmente sem beber, de 2019 a 2021. Em 2022, eu voltei a beber só vinho, porque eu adoro vinho. Eu priorizo, hoje em dia, o meu dia, meu bem-estar, meu sono. Eu gosto muito de lidar com as situações sóbrias, de ver como sou eu mesma lidando com as situações’’.

    Mocktails se tornam atrativos
    Em contrapartida, a diminuição do consumo de álcool por Gen Z’s não anula o consumo, e principalmente, a procura de bebidas de qualidade pela mesma parcela. Os dados do IWSR indicam que 82% dos consumidores não alcoólicos também consomem álcool, ou seja, se trata mais de um consumo moderado do que de uma abstinência completa.

    Atenta aos novos comportamentos de consumo dos jovens, marcas de bebida tem respondido a essa novidade com uma série de lançamentos de drinks sem álcool que simulam o sabor de drinks alcoólicos. Dados atuais já apontam que a categoria de bebidas não-alcoólicas ultrapassou 11 bilhões de dólares somente em 2022. Dentro deste cenário, o Drizly Consumer Trend Report, relatou que 38% da Geração Z está mais disposta a experimentar bebidas não alcoólicas, um número significativamente maior do que outras faixas etárias.

    Bella Hadid para sua marca de bebidas não-alcoólicas Kin Euphorics.

    Desta forma, os padrões de consumo de álcool estão impulsionando uma outra parte da indústria de bebidas graças à Geração Z. Dentro dessas inovações, podemos destacar: bebidas tecnológicas para melhorar o bem-estar, cocktails pré-prontos com adicionais de proteína e bebidas de baixa caloria ou baixo teor de açúcar feita de produtos orgânicos que são direcionados especificamente para o público jovem. Assim, os consumidores da geração Z procuram alternativas genuínas e interessantes, ao invés de camuflar esse comportamento com meras réplicas de bebidas alcoólicas já existentes no mercado. Imagine a próxima geração…

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