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    Cinema em Transe: festival no CCSP mostra produção focada na comunidade trans
    Linn da Quebrada / Reprodução
    Cinema em Transe: festival no CCSP mostra produção focada na comunidade trans
    POR Redação

    Na semana do orgulho gay, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) apresenta o Cinema em Transe – Reflexões Acerca da Identidade de Gênero, uma série de debates e uma mostra de filmes que coloca em foco as experiências e as dificuldades em torno da comunidade LGBTQIA+, com foco na comunidade Trans. 

    Eventos e discussões em torno do tema são cruciais, especialmente num país que é líder mundial de violência contra transgêneros e onde a expectativa de vida uma pessoa trans é de 35 anos. Conseguir mudar de nome sem precisar passar por um processo judicial, ter acesso à educação, saúde e a empregos estáveis são algumas das reivindicações básicas das pessoas trans.

    O Cinema em Transe começa no dia 22.06 com uma sessão fechada do aclamado Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, documentário apresentado no festival de Berlim 2018 e vencedor do prêmio Teddy, dedicado a obras com temática LGBTQIA+. O filme captura o corpo politico da cantora negra e transexual Linn da Quebrada, que foi aplaudida de pé na sessão do Festival de Brasília.

    Na programação, ainda tem exibições de Meu Corpo é Político, de Alice Riff, que acompanha a vida de quatro transgêneros no Brasil: Paula Beatriz, diretora de uma escola pública; Giu Nonato, jovem fotógrafa vivendo uma fase de transição em sua vida; Linn da Quebrada, atriz, cantora e professora de teatro; e Fernando Ribeiro, estudante e operador de telemarketing.

    Este é o primeiro longa-metragem de Alice, um trabalho tocante que mostra o cotidiano de seus protagonistas e as questões que fazem parte de seu dia a dia como trans. Fernando, por exemplo, revela a dificuldade de marcar uma consulta no ginecologista. Porém, o poder do filme está na força dxs protagonistxs em ocupar espaços com seus corpos (com que frequência vemos uma pessoa trans como diretora de escola?), combater o preconceito e inspirar outras pessoas. “Ninguém que não seja negro e transgênero, como é o caso de três dos personagens retratados no filme, vai entender a dimensão da violência e dificuldade vivida por eles”, diz Alice ao jornal El Pais. O filme ganhou prêmios no festival de cinema LGBT de Torino, na Itália, e no Festival Internacional de Cinema de Curitiba.

    Há ainda Lembro Mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre, que dá voz à atriz Julia Katharine, uma mulher transexual que conta a história de sua vida através de um monólogo; Leona Vingativa, documentário que conta a história das divas do youtube Leona Vingativa e Aleijada Hipócrita – Leona estará presente para uma conversa sobre o filme após a exibição. “Conseguir concentrar um número significativo de pessoas trans dentro de um evento audiovisual é de extrema importância não apenas para a comunidade LGBTQ+, mas também para a cena desse mercado, que é um mercado majoritariamente hétero, masculino e branco. Uma iniciativa pra pensarmos nessa estrutura que precisa ser mudada com urgência”, diz Vivi Bacco, uma das curadoras do Cinema em Transe.

    Além dos filmes, haverá  uma série de debates com importantes nomes do ativismo LGBTQIA+, que inclui artistas e roteiristas trans dialogam sobre a presença trans no mercado de trabalho audiovisual e suas experiências de vida como personalidades inseridas em um mercado dominado por homens cis. E no sábado (29) haverá uma leitura pública de portfólios para o lançamento de um banco de dados online de profissionais trans do audiovisual.

     Abaixo há a programação completa e informações sobre todos os filmes que serão exibidos:

    PROGRAMAÇÃO

     22.06 | sábado

     14h – PRÉ-ESTREIA – BIXA TRAVESTY (sessão para convidados)

    Bate papo após o filme com os diretores Kiko Goifman e Claudia Priscilla

    17h – Documentário Leona Atrack em SP  (exibição do curta-metragem 35)

    DEBATE com Candy Mel, Leona Vingativa e Jup do Bairro

    20h – Mesa ROTEIRISTAS –  Alice Marcone, Julia Katherine, Luh Maza, Ave Terrena.

     

    25.06 | terça-feira 

    15h – Sessão Oficinas Kinoforum

    17h – Meu Corpo é Político.

     

    26.06 | quarta-feira

    15h – Sessão Oficinas Kinoforum

    17h – Meu Corpo é Político

    19h30 – Tea for Two + Lembro Mais dos Corvos

     

    27.06 | quinta-feira

    15h – Sessão Oficinas Kinoforum

    17h – Corpo Elétrico

    19h30 – Meu Amigo Claudia

     

    28.06 | sexta-feira

    15h – Sessão Oficinas Kinoforum

    17h – Meu Amigo Claudia

    19h30 – Corpo Elétrico

     

    29.06 | sábado

    14h – Leitura dos Portfólios com Vivi Bacco, Célio Franceschet, Carlos Pegoraro, Julia Katherine + convidados.

    17h30 – Mesa Diversidade na Diversidade – Debate de portas abertas com Jonas Maria, Leo Gluk, Glamour Garcia, Terra Jorrari, Ali Bravo Ruas e Uni Correa.

    20h – Meu Amigo Claudia

     

    30.06 | domingo

    16h – São Paulo em Hi-fi,

    Debate com o diretor Lufe Steffen

    19h30 – Tea for Two + Lembro Mais dos Corvos

     

    FILMES

    BIXA TRAVESTY, de  Kiko Goifman e Claudia Priscilla

    Elenco: Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Liniker de Barros

    O corpo político de Linn da Quebrada, cantora transexual negra, é a força motriz desse documentário que captura a sua esfera pública e privada, ambas marcadas não só por sua presença de palco inusitada, mas também por sua incessante luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, classe e raça.

    LEONA ATRACK EM SP, de Clara Soria e Hugo Resende

    Elenco: Leona Vingativa, Aleijada Hipócrita

    A artista trans, Leona, ficou conhecida ainda criança, aos 7 anos, com sua personagem que virou hit na internet. Moradora do Jurunas, periferia de Belém, Leona foi uma das primeiras youtubers do Brasil. Ao lado da Aleijada Hipócrita, Paulo Colucci, criava pequenas novelinhas que logo viralizaram na internet. Em um papo bem humorado, ela conta sua história e aborda assuntos como: ser uma criança gay, a repercussão de tudo isso, a relação com a família, religião e sua carreira.

    35, de Del

    Brasil, 2019, 5 min, HD

    Um dia na vida de um mulher trans. Curta metragem selecionado para o Staff Pick, do site Vimeo. 

    SESSÕES OFICINAS KINOFORUM, vários diretorxs

    Uma seleção de curtas-metragens feitos durante as Oficinas Kinoforum, produzidos por comunidades e pessoas trans.

    MEU CORPO É POLÍTICO, de Alice Riff

    Com Linn da Quebrada, Giu Nonato, Fernando Ribeiro

    Vivenciado o dia a dia ao lado de diversos ativistas LGBT moradores das periferias de São Paulo, o documentário faz um panorama do contexto social em que os personagens estão inseridos e de que forma sua atuação age nas ruas. Além disso, levanta questões sobre a população trans no Brasil e suas disputas políticas.

    LEMBRO MAIS DOS CORVOS, de Gustavo Vinagre

    Com Julia Katharine

    Durante uma crise de insônia, a atriz Julia Katharine, uma mulher transexual, conta a história de sua vida através de um monólogo. A intimidade da personagem central é exposta através de relatos reais de resistência e autoaceitação. 

    CORPO ELÉTRICO, de Marcelo Caetano

    Com Elenco: Kelner Macêdo, Lucas Andrade, Welket Bungué

    Elias (Kelner Macêdo) é assistente em uma confecção de roupas no centro de São Paulo. Ele mantém pouco contato com a família na Paraíba e passa seus dias entre os tecidos do trabalho e encontros com homens. O fim do ano traz reflexões sobre possibilidades de futuro, reconexões com o passado e muitas horas extras, que acabam por aproximá-lo dos colegas da fábrica e consequentemente inseri-lo em novos círculos de amizade e cenários.

    TEA FOR TWO, de Julia Katherine

    Brasil, 2018, 25 min, DCP

    Silvia é uma cineasta de meia-idade em crise com sua vida. Na mesma noite em que é surpreendida pela visita da ex-esposa, que a largou há alguns anos, conhece uma outra mulher que a fascina.

    SÃO PAULO EM HI-FI, de Lufe Steffen

    Brasil, documentário, 2016, 101 min, DCP, 16 anos

    Com João Silvério Trevisan, Kaká di Polly, Leão Lobo

    O documentário apresenta histórias das noites gays em São Paulo nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Fazendo uma viagem no passado, os personagens mostram as histórias das dançarinas e transformistas que se apresentavam nas famosas casas noturnas que marcaram época e tudo o que elas tiveram que passar, como a imposição da ditadura e a famosa explosão da Aids.

    MEU AMIGO CLAUDIA, de Dácio Pinheiro

    O longa conta a história de Cláudia Wonder, uma eclética travesti que trabalhou como atriz, cantora e performer nos anos 80, tendo feito muito barulho no cenário underground de São Paulo. Ela também ficou marcada pelo importante trabalho como ativista na luta pelos direitos homoafetivos.

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