A história dos desfiles de moda
De apresentações intimistas sem música à grandes espetáculos e celebridades por todos os lados, contamos aqui a história dos desfiles de moda.
A história dos desfiles de moda
De apresentações intimistas sem música à grandes espetáculos e celebridades por todos os lados, contamos aqui a história dos desfiles de moda.
Atualmente quem acompanha moda sabe que não é mero exagero afirmar: todo dia em algum lugar do globo está acontecendo um desfile. O formato pode parecer bem contemporâneo, mas tem quase 200 anos (!) acredita? Mesmo com tantos questionamentos recentes sobre seu formato, os desfiles ainda se provam como a forma mais efetiva e de alto impacto para se promover uma nova coleção e seus conceitos. Ao longo de todos esses anos, o formato de “vai e vem de modelos” evoluiu e mantém papel fundamental em como a moda é propagada.
Mas como os desfiles nasceram e como eles foram se tornando verdadeiros espetáculos com o passar das décadas? Explicamos tudo aqui!
Os primeiros desfiles
No século 19, mais especificamente ali por 1860, o inglês Charles Frederick Worth começou a contratar modelos, as mesmas que posavam para artistas nas escolas de artes, para pequenas apresentações de suas criações. Vale ressaltar que as roupas até então eram feitas sob medida e os lançamentos não se prendiam ao conceito de inverno e verão. O que era intimista logo se tornou uma vitrine viva. Bem marketeiro, Charles fez um desfile-show no Hipódromo de Longchamp em Paris e mal sabia ele que faria escola.
Na virada do século o couturier Paul Poiret decorava seus salões déco para receber suas clientes mais frequentes, nada de fotógrafos, um evento idealizado unicamente e exclusivamente para compra.
Os desfiles no pós-guerra
Nos anos 1920, Chanel, Vionnet e Schiaparelli realizavam pequenas reuniões, fotógrafos seguiam sem ser convidados e as editoras muito menos. Mas tudo mudou após o final da segunda guerra mundial em 1945. A apresentação de 1947 de Christian Dior não foi só célebre pelo New Look, ali, pela primeira vez, fotógrafos de revistas e jornais, editoras e, claro, colecionadoras (como são chamadas as clientes de alta-costura) formariam a tríade dos desfiles de moda.
Sem música
Cristóbal Balenciaga agendava apresentações em janeiro e junho para clientes escolherem peças antes de embarcarem para as férias de inverno e verão – nada de trilha sonora, apenas pequenas placas para que as colecionadoras identificassem os modelos preferidos e anotassem em uma folha os seus escolhidos. Os eventos passaram a fazer parte da agenda de socialites, da aristocracia e, aos poucos, das estrelas do cinema.
Desfiles se tornam happenings com o advento do pret-à-porter
Nos anos 1960, com a chegada do prêt-a-porter (o pronto para usar), desfiles se tornaram happenings, com o conceito de celebs e formadoras de opinião na fila A. Na Saint Laurent, as musas Betty Catroux e Loulou de La Falaise. Halston? Bianca Jagger! Valentino? Jackie O e Sophia Loren. Givenchy? Trazia Audrey Hepburn de Hollywood. Rabanne levava todos para galerias de arte em desfiles performáticos. Pierre Cardin apresentava coleções às margens do Rio Sena.
Nos anos 1970, as semanas de moda ainda estavam se estabelecendo em um circuito, mas muitos preferiam apresentações off-calendário: a italiana Fiorucci ia pro Studio 54, Kenzo nas boates em Paris, onde modelos dançavam em cima das mesas e pavimentavam a década seguinte.
Os desfiles como espetáculos
A década de 1980 eram protagonizada pelos grandes shows, Thierry Mugler foi o primeiro a vender ingressos para os seus “shows” no Cirque D’Hiver, extrapolando a duração de uma hora. Montana ia pelo mesmo caminho, seguido por Jean Paul Gaultier, com a entrada de Karl Lagerfeld na direção criativa da Chanel, 100 looks eram de praxe. E dá-lhe pivô e carão.
As supermodels invadem a passarela
Na chegada dos anos 1990, Gianni Versace aposta alto na presença das supermodels, que arrastavam os fotógrafos não só para a sala de desfile, como para o backstage. E com modelos se tornando celebridades, elas levavam seus namorados famosos para a fila A: Johnny Depp, Richard Gere, Leonardo di Caprio. No outro extremo, os anti-fashion, liderados por Margiela, iam para as periferias desfilar em galpões abandonados.
2000: o impacto da internet nas passarelas e nas primeiras filas
Quando chegamos ao século 21, celebridades também passaram a desfilar, desfiles inteiros começaram a ser publicados na internet em tempo real e os conglomerados LVMH e Kering passam a disputar qual desfile seria o mais grandioso. Na virada de 2010 para 2020 uma ruptura: editoras-superstars como Anna Dello Russo e Giovanna Battaglia passaram a dividir seus lugares com influencers e o resto como sabemos é história…
desfile de inverno 2024 da Miu Miu
Fashion Week non-stop
Atualmente, marcas européias apostam alto em celebridades asiáticas, especialmente nas estrelas do K-pop, que arrastam multidões para as portas dos desfiles e inundam as transmissões ao vivo suplicando por imagens de seus ídolos. Desfiles passaram a ser onipresentes, com mais desfiles de coleções intermediárias que levam convidados aos mais diversos destinos. A Dior, por exemplo, chega a realizar 8 desfiles no ano. Uma ferramenta eficaz, mas que, aos poucos, começa apresentar um certo cansaço. De tão frequentes, os desfiles não despertam mais deslumbre e fascínio como outrora – o de couture 2024 da Maison Margiela foi uma verdadeira exceção.
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